quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Diz-me



Que esperam de mim os teus olhos
 Quando o inverno se achega
A alma em turbilhão que deseja de mim afinal
Não sei se esqueci ou se perdi no caminho
Não sei, diz-me.

Se por acaso o momento não foi antecipado
Ou se veracidade não tem semelhança
Com uma trovoada no mês de Março

Diz-me.
Porque há muito que calam os teus olhos
Comodamente se encobrem os sonhos
Ou então eu ceguei na espera imposta.



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Desde sempre


 
Não sei nada de ti há tanto tempo
Chega-me agora num lamento
O eco do teu medo

Nada sei de erros passados
Muito menos do presente
Nada sei, sonhos ocultos
Mas minha alma presente

O cheiro a terra molhada traz no seio a saudade
Ao olhar a estrada a fria realidade
Nada somos neste mundo, para quê tanta tormenta
Para quê tanta vaidade
Tanto sonho corredio, rezinguisse e contenda
Se o medo comanda a lida, o mundo gira ligeiro
Triste daquele que só pensa no dinheiro
Chega-me agora o eco do teu medo

E eu, sigo a estrada cansada
De que serve tanto eco
Tens a vida programada
Desde sempre badameco.


domingo, 19 de janeiro de 2014

Atitude



Eu sei meu amor que a vida é rude
Nem tudo corre a contragosto
Por vezes é corredia e amiúde
Abre-se num fosso ao nosso lado
Contudo está na força a virtude
E a batalha é ganha estrada fora
Incerteza é curcuma que ilude
Desgaste que o medo aflora
O viver a vida em plenitude
Na balança deve ser pesado
A saída está na atitude
De o fosso contornar mesmo cansado.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Lembrança


 
A incerteza que paira na manhã acinzentada
Na chuva miudinha, nos chapéus-de-chuva lá fora
No silêncio desta casa, no sentir que aflora
E tu que será de ti nesta vida arrastada

Pela correnteza do forçado ao sentimento
Onde horas e minutos são apenas momento
Que deixam no peito a marca de dia não ou dia sim
Responde deus o que lhe trazes no fim

De uma vida que passou e quase nada restou
A não ser o instante em que o sentir mimou
O anseio encoberto pelo parecer afinal
Tudo acaba enfim numa cama de hospital

Eu que estou de fora empurrada a contra gosto
Tudo me parece distante e recordo o mês de agosto
As andorinhas no céu um sorriso amistoso
É tudo o que resta, a lembrança e o suposto.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Remoinho



 
Se desconhecesse o sopro do vento
Sempre que se faz ausente
Quem sabe desconheceria tormento
Olhasse a vida de frente

Se em cada virar de costas à semelhança de vida
O vento encobrisse a dor que existe numa asa ferida
Mas desconhece que eu sei, a força que vem de dentro
Da alma em campo aberto, por vezes se sente o centro

Da terra que gira ligeira, a noite antecede o dia
O vento geme baixinho, ai de mim quem diria
Que mesmo na brisa ligeira um remoinho se assoma
Tal como a saudade, no zumbido do vento o aroma.


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo