domingo, 3 de dezembro de 2017

Emergente...

Vesti um vestido de chita e nos pés  
calcei a vastidão e a cor das planícies. 
Mas quem sou, afinal? Serei gente, 
campo, ou o ar que vagueia, devagar... 
  
Sou pedinte em terra alheia, cão de guarda!... 
Sou a estrada em que passeia a ilusão. 
Campanário ao por do sol, a maresia. 
Dos dias de Maio. 
Sou mulher…. Irrequieta! 
Até quando quieta! 
Frustração, contradição e até amor, 
quando a dor se sobrepõe ao coração. 
Sou riacho e sou palavra. 
Sou a safra em poesia, sou vazia!... 
De emoções. 
Contradições em dia não. 
Se até o não é paixão! 
  
Vesti um vestido de chita amarela.  
Na bainha desenhei uma caravela, 
e no decote despido de cor; 
o clamor do por do sol! 
Amanhã calçarei uns sapatos cor de terra. 
Seguirei por aí sem norte!... 
Para trás fica a sombra do fim de tarde. 
Nos olhos ficam os pingos de chuva. 
E no pensamento o vazio dos dias frios, 
será lençol. 
Estranha maneira de estar, 
de ver ou de sentir. 
Sou poeta e sei mentir. 
Agora: adivinho esse olhar, 
e aquilo em que está a pensar… 
Enquanto… Começo a rir!... 
  
Dois e dois são três. 
… Brinco com a palavra. 
Mas que safra… Sem pés nem cabeça. 
E tu…. Lês! 
Lês em viés o meu pensamento. 
que a qualquer momento, 
me torna um ser, emergente.  



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