Doze meses tem o ano
Doze meses o engano
Virar de costas
Olhares arredios, impostas
Crueldades e barbaridades
Torturas, amedrontamentos
Doze meses de lamentos
Pergunto
Porventura afasta a razia
De que servem palavras bonitas
Prendas atadas com fitas
São fitas, não saram golpes
Ramos de rosas são marionetas
Manipuladas são as vontades
Doze meses.
Pergunto
Onde está a beleza de um só dia
A sua utilidade é relembrar agonia
Em cada rosa desfolhada
Uma mulher é açoitada
Em cada sorriso aberto
Uma mulher morre aos poucos
Numa caixa de bombons
Morre além uma alma
Por isso não me peçam calma
Dia oito só existe
Porque a barbárie no mundo persiste.
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