domingo, 26 de agosto de 2012

Primeiras chuvas



Nas gotas das primeiras chuvas lavo a essência
Refresco então a minha emoção seca pelo calor do verão
Que dizer à leveza da chuva, senão que é bela
Apesar da mancha amarela que deixa na minha janela
Que dizer ao vento manso que desloca o manto denso
Nuvens negras, viajantes nos céus temidos na terra
De que têm medo os homens, nuvens são nuvens
Pedaços de algodão imagino assim, será contradição
À sua passagem a lama levanta-se do chão

Ao longe onde habitam os meus sonhos há uma lagoa azul
Tenho medo meus deus que se despeça do sul
Rume para terras distantes onde o homem não tenha lugar
Quem sabe o amarelo na chuva acabe por definhar
E as altas chaminés, os escapes dos carros, lixo nas marés
A lama que hoje se levanta à passagem da chuva
Soterre para sempre a inercia e chuva seja só chuva.

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo