Transportam
os poetas a solidão,
e se for
mulher, a nudez dos sentidos
Tem peso
redobrado!
De nada vale
cair o sol no seio,
Ou a brisa
nos cabelos.
O que fica…
somente as palavras!
Podem ser fracas,
podem ser cumes,
Elevar ao
alto o amor,
que foge
apressado ao sentir o efeito
De um poema.
Transportam os
poetas solidão!
Suporto eu o
silencio das paredes,
o peso da
terra, a míngua de acreditar.
Não me olhem
como se fosse louca,
nem tão
pouco como se fosse casta.
Olhem no
fundo de cada palavra,
nas entrelinhas,
e revejam-se no poema.
Transportam os
poetas solidão!
Transporto eu
a saudade de uma brisa ligeira.
Trespassou as
paredes de cal caiadas,
saltitou nas
pedras da calçada,
E como tudo,
partiu.
Restam nas horas
mortas, o peso dos poemas.
Que podem
ser facas, que podem ser rosas!
Neles inquiro
as paredes brancas e frias,
desnutridas de
vozes, simulacro de túmulo.
Porque me deste
Deus o condão de versejar?
Por acaso
perguntastes se o queria…
Ou ris da
minha facilidade, do meu jeito desengonçado
de escrever
o que penso.
Perguntastes
por acaso se o peso de um poema,
era o que
queria por mortalha,
Perguntastes
por acaso se não preferia não pensar.
Ou melhor…
pensar em todas as coisas fúteis,
e ser mulher
sem olhar.
Suporto o
peso dos poemas e às vezes…
Queria ser
só mulher.