sábado, 12 de janeiro de 2013

Flechas



Pergunto a razão de palavras vãs
As que soltas pelas manhãs
Sempre que o sol da esperança
Visita a confiança num dia melhor
A razão do queixume, azedume
Atirado ao ar como acendalhas em lume
Brando, pergunto se tanto rancor
Trás serenidade às almas penadas
Se acidez é presenteira com escolhas guardadas

No baú de uma vida sem sal, sem cor ou amor
Pergunto, de que servem flechas se fazem ricochete.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Sem contrapartidas




Preciso de um colo, de um ombro que me oiça
Mas a vida é mesquinha, pouca água em muita loiça
Pego nos meus queixumes faço deles retalhos
Enrolados no mofo de desfeitos baralhos

As cartas da minha vida têm um cheiro a bafio
Por mais que as pinte de cores alegres e vistosas
Esfarrapam-se mais depressa do que rosas
Às quais caem as pétalas ao vento, à chuva, e ao frio

Preciso de um colo sem contrapartidas
Sem minutos contados, outros afagos em mente
Sem cadilhos dependurados insistindo no presente
Preciso de um colo sem vidas fingidas

Ou então preciso de ser eu sem contrapartidas.


domingo, 6 de janeiro de 2013

Sou




Piolho pegadiço, sol de pouca dura
Algo enjeitado p`la sorte ou ventura
Alma penada rajada do norte
De força esvaída mas com algum porte

Sou

A sombra  no olhar do espelho incrédulo
Sempre que confronto esta realidade
Sozinha na vida no mundo perpétuo
Contudo perdurando por louca vontade

Sou a outra metade é o que oiço dizer
Leviandade do verbo querer
Sou pedaço de mim e de ti assumido
Destroços no chão de um reino esquecido.

Quem




Nos olhos exala curiosidade
Das mãos quem sabe vontade
Do corpo frágil a esperança
Na brancura da pele bonança

Sempre que perco o olhar
Pela fotografia antiga
Dou por mim a imaginar
O que a escolha fustiga

Que nome responderá
Quantos anos já viveu
A quem replicará
Quanta sorte acolheu

Em torno das minhas dúvidas
Quase nunca sei escrever
Poemas em palavras súbitas
 Nada consigo dizer.

Primeiro poema




Se perguntar ao sol porque nasce de manhã
Certamente responderá é a lei da natureza
À cor se indagar qual a forma da romã
Logo replicará com sublime certeza

Tudo nasce tudo morre, segue caminho direito
Caprichosa é a sorte, outras vezes é cruel
Trás o gelo no inverno no verão sol infernal
Mas no fim sempre acolhe de um jeito magistral
Os filhos então desnudos, os aconchega no peito

Este primeiro poema de um ano que finda em treze
Trás nas linhas o queixume e o mel por entre os pontos
Da alma transporta a esperança e a cor das violetas
No regaço das palavras que se tornam fugidias
Transtornadas e cansadas outras vezes tão vadias
Levará o sol em ombros para aquecer o seu dia.

Este primeiro poema tão febril ao alvor
Ao meio dia é nostálgico á tardinha friorento
Por entre vírgulas conduz a crença do momento
Ternura feita vontade que o verso desperte em flor.

Que lhe traga serenidade e um sol madrugador.

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo