domingo, 10 de abril de 2011

Vendaval

E se o vento se calasse
Se esta vontade medonha
Partisse, simplesmente deixa-se
Que os galos cantassem, enfim
Mas não, chove e tudo molha

Molha o peito e o regaço
As costas já tão curvadas
Molha até o embaraço
De não saber porque estradas

É que há-de caminhar
Vai em frente, ou de revés
Segue de lés a lés
Retrocesso é mais seguro
E o vento trás escuro
Por entre folhas amarelas
E aqui, parece elas
Amarelo de olhos baços
Cansado, a mente em estilhaços
Que o vento não que levar

Incerteza é afinal
Este modo de pensar
Um passo atrás outro à frente
Parece coisa de demente
Não sei se vou se hei-de ficar
Incerteza é vendaval

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo