quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ainda


Ainda me escorre da lembrança
Um tempo anilado
Um perfume adocicado
Os dias esguios, os sentidos
Alertas para o toque das almas
Recordo ainda as tardes calmas
As sombras frescas, a erva verde
Recordo vê tu o amargo da sede
E o saciar na fonte fresca

Recordo um tempo que foi nosso
E que o tempo inexplicavelmente surripia
À idade que aos poucos esvazia
A vontade de agarrar, finjo que esqueço
O toque da tua mão, esqueço a aragem
Até o grito que sufoquei
Ignoro se anseio, apenas sei
Que a vontade destroçada
Me diz que sou pouco mais que nada.

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo