terça-feira, 8 de novembro de 2011

Seria pedir muito


Dou por mim olhando as letras
Estou sentada defronte ao nada, pasmada
Com a velocidade estonteante, cometas
Se transformam as letras de uma assentada

Primeiro olho o P de seguida o A
Como quem não quer a coisa vai o Z
Logo atrás, a enxurrada traz a palavra
Paz, eu olho e olho com olhos de quem fez

Uma mistura gulosa que atrai  atenções
Desmembro o pensar em mil e uma razões
Ah, este ego carnudo que me sacia a fome
Seria pedir muito que saciasse o homem
Então o meu pais correria sobre rodas
Se a poesia gerada num tudo de palavras
Fosse a estrada, se a seguissem as multidões
Eu sei, sei porque sei que os poetas do meu país
Seriam guiões, transformariam  prisões em lagos
Onde as mentes correriam a afogar os socos

Que um novo dia sem alcance lhe dá nas costas
Mas este meu ego raivoso só a mim sacia
Hoje acordei assim, azeda e escrevo razia
Benditas as letras mudas que me deixam olhar poesia

Chamem-me nada, digam que sou utópica
Digam tudo o que lhes der na real gana
Digam tudo de tudo, deixem atrás a retórica
De que os poetas deste país são gente louca,

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