Uma casca de noz baloiça nas águas frias
Leva no centro uma saudade de prata
Como velas a esperança mão-cheia de mágoas
E os homens jazem no fundo que mata
Uma casca de noz que se transforma em adagas
Sempre que o mar revolto sacode a fragata
E os corpos jazem p`lo chão, agregado em agruras
Almas cansadas, olhos ao céu e a chuva em cascata
Sem pena ou omissão numa fúria sem perdão
Fustiga os corpos tremendo de frio, o vazio
Afunda a alma que entretanto perdeu o brio
Dos poucos que chegam a uma Europa em trapos
São recambiados e os sonhos em farrapos
Afogam-se na praia sem dó nem compaixão.
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