segunda-feira, 21 de março de 2011

Trafulhices

Hoje estou cansada
Fisicamente é certo
Mas, esse é um cansaço aberto
À exposição física

O pior é o cansaço sem nome
Muito menos sobrenome
É nada repetitivo
No muito que se repete
É fio de canivete
Parelha que não acerta
Na canga que leva às costas
É um descair de mãos postas
Olhar que fixa o negro
Cansaço físico é brinquedo
Rente a enorme rochedo
Que é este cansaço, um enredo
Que me deixa perplexa
Para aligeirar conversa
Direi que estou cansada
Desta avareza atracada
A tudo o que é politico
Nesta terra de gente insana
Que em troca de poleiro
Vendem tudo por inteiro

Vendem dito por não dito
De mãos postas, sinal da cruz
Não me enfiem o capuz
Estou cansada, não sou cega
Já não tolero a cega-rega
De a bola ver passar
É hora de acertar
O passo pela nação
Senhores políticos, atenção
Que ninguém já se deslumbra
Com  juras e palavras de nada

É hora de acertar agulhas
Deixem as conversas fiadas
Olhem que mentes trafulhas
Já têm as horas contadas.

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo