Eu, poeta me
confesso num padre-nosso abreviado...
Sou um pouco
tresloucada, acredito no amor.
Do medo
tenho pavor, a sete pés do rancor
fujo por
campo lavrado.
De olhos
postos no céu...
Outras vezes
pelo barro...
Vou andando
em contramão, aqui e ali colho uma flor...
Que a minha insensatez
colhe do fundo de um tarro!
Eu, poeta me
confesso a quem me vê desnuda.
Tenho dias
enviesados, tal como toda a gente.
Procuro na terra
musa que me diga e fale alto:
Não te
arrastes pela vida, não vale o espalhafato.
Vejam bem
para meu fadário chega em jeito de lua cheia!
De mansinho
pela noite ou então na tarde calma.
De roupagem
a miragem, um oásis no deserto.
Por vezes a
céu aberto dá-me forte abanão!
Dou por mim,
corpo no chão...
Num espojinho
intricado, para mal dos meus pecados:
Não percebo
patavina. Esta musa tão traquina
que me sobe
à cabeça, fala baixinho, sussurra:
Tu poeta te
confessas. Diz-me lá o que isso muda?
Nessa hora
tresloucada dou por mim a meditar.
Triste musa
malfadada. Como é triste o teu falar!
Eu, poeta me
confesso mas o credo não vou rezar.
Esperarei pelo
sonho de um oásis encontrar...
E aí; musa
maldita tens que te por a pau.
Deixarás de
ditar regra... No mar uma outra nau.
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