Em Janeiro
dispo-me de mim, aninhada
numa letargia
muito minha, omito quem sou.
Silenciosamente,
hiberno, enregelada,
falta-me o
sol, toda eu ensopada em geada, hiberno.
O caricato
disto tudo. O sol revive rebeldia.
Aí, olho com
olhos de carneiro mal morto
os telhados,
da minha janela, e questiono.
Porque são
afinal, só telhados, podiam ser asas…
Deles, despencar
o Verão. Como se tal fosse possível.
Logo o bom
senso segreda, pára deixa a ladainha de lado.
Em Agosto
enfiarás a cabeça na areia, sufocada pelo calor.
Olho o bom
senso, como quem olha um alarve emproado.
Deixa que
hiberne, como queres que renasça na primavera.
Sou e serei,
árvore num descampado.
nem todos os
telhados do mundo chegam para me salvar.
Ao cair, tal
folha amarelecida.
abandono sem
pena o galho que me susteve.
Sei que ao
desfazer-me em pó na terra fértil.
Uma nova
raiz se alimentará, e aí, será Primavera.
Por isso
deixa que hiberne neste Janeiro húmido
Com ele
hibernam os sonhos.
Hão-de florir em olhos de ´´Inferno``.
Que ao
passar me deitará ao chão.
Desconhece que
da terra vermelha, fui esculpida,
Numa tarde
de Janeiro.
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