Fico presa
na ausência, sem força p`ra seguir
Do alto da
minha cegueira vejo a vida fugir,
na cal. Que
a chuva ao cair fustiga na calçada.
Eu, aqui,
tão fria e parada, enclausurada.
Nos retalhos
da memória, toda eu sou caruncho.
Dói-me uma
perna, o catarro não me larga,
a visão está
turva, o sentir é vesgo,
a saudade é
paulada na água da chuva.
Salpica o
meu coração, que saudades do verão,
da insistência.
Da moleza do fim de tarde.
Ao acordar
despertei todos os Invernos,
em infernos.
Chorar é o que me apetece agora.
Mas… toda eu
sou, mas. Enfio a gabardine,
salto para a
rua. E vejo a alma nua
de quem
passa por mim. O olhar finge felicidade
os lábios
fingem ao sorrir. Toda eu fingimento
na minha
rua, perante a chuva na calçada.
Há gente que
passa e logo me convenço.
Todas as
minhas ausências, são cegueira
Até a
saudade, é raia miúda. Ao pé da solidão,
de com quem
me cruzo na praça.
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