O poema
espera ser lido em silêncio,
desfeito de
ornamentos, de fissuras,
Quer-se despido
e olhar atento.
Deve o poema
ser lido em horas escuras.
Que não
entre claridade, a não ser a sua.
As
campainhas se mantenham distantes…
Se merecer
que pereça estendido na rua,
ou então que
se vá. Sozinho, envolto em brilhantes.
Tem um
destino o poema vadio,
ajudar o
mundo a ver mais além.
Se no píncaro
da montanha tremer de frio,
no fundo do
mar deve ser pão-de-ló…
Ao olhar de
quem lê, ser poema só.
O poema
espera ser lido em silêncio,
despido de
cordão umbilical.
Afago de
quem escreveu… que interessa ao verso,
se amanhã se
desfaz em areia,
e o poema
que agoniza na maré cheia,
logo renasce
na espuma… Sina tresloucada.
Tem um
destino o poema vadio.
Ajudar o
mundo a ver mais além…
O que esteja
a mais é supérfluo, vazio.
Engano aos
olhos, não ampara ninguém.
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