Traz-me
Terra o que me falta
Nas horas de
leviandade,
A enxada com
que lavre
O pensamento
que é fértil
Em perplexidade!
Traz-me
terra em gemidos de rameira,
Sobriedade. A
alcunha aventureira,
Natureza rebelde
de fera enjaulada
Em panos de
cetim, brocados de fel
De um olhar
em espasmos.
- Que mundo caduco!
Grita e
esperneia por isto e aquilo!
Mas olha de
revés a morte,
Enquanto
lança na lama a sorte de viver.
Traz-me
terra, Alentejo muito meu
Os olhos de
outrora, a foice de aço frio
Arrancada ao
pensamento de um homem do campo.
Eleva-a ao
céu azul em castelo de sonhos,
E lança na terra espigas de trigo,
E nas
ribanceiras figueiras bravas.
Mas por favor
deixa-me dormir ao relento.
Só na aridez
serei eu…
Metamorfose da
palavra
Sem significado
plausível!
Traz-me
terra uma cova funda
Para enterrar
o que sou,
Escrivã de
um tempo que desconheço,
De um reino
em que amoleço
Sempre que
me estico ao sol.
E no rol
lavo a preceito
O que nem eu
entendo.
Traz-me
terra a má fama
De bêbado errante
E aí quem
sabe o poema corra sem tempo.
Num tempo de
faz de conta…
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