O poema pode
ser doce
brilhante,
insidioso ou asqueroso.
Deve ser
arrogante.
De uma
presunção maliciosa
ferir o
olhar
alterar o
coração
apaziguar e
odiar.
Deve ser
interrogação.
O poema deve
ser fronteira
que se
escancara par a par
nunca por
nunca ser, barreira.
Entrave ao
despertar.
O poema
um rio
inquieto
a trespassar
o mundo
nas mãos a
paz,
sorte,
mentira ou verdade.
Uma mulher
nua
um homem em
êxtase
uma criança
que corre.
Um cão,
vadio e amigo.
O poema é
sangue nas veias
o voo de
condor
é mente que
esperneia
com amor ou
com rancor.
De que
servem letras belas
se o recheio
for oco
soltem
versos nas vielas,
deixem
correr as rimas.
Por entre
ratos, vadios
e
prostitutas, por entre
Igrejas e
santos.
E mentes
loucas.
Por entre
gente comum.
Deixem
correr o poema
é de todos e
nenhum
silaba a
silaba, fonema
escavado num
trinta e um.
O resto, o
resto até faz pena.
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