Ele é o pensamento
que perde a noção do tempo
É o vento
que uiva por entre a frincha da janela entreaberta
É a vontade
na minha pele que incita à descoberta
Não fosse a
chuva nos cabelos brancos, as rugas do rosto
E quem sabe
o sol levasse o pranto por um campo de trigo.
E aí, na
ceara madura o oiro da gente
O suor que gerou
na terra negra, rebento
Fosse a
esteira da minha alma
E aí, a
vontade de ir além não ruísse simplesmente.
Ele são
coisas e coisas, minha alma de poeta
Quem sabe a
entenda uma costela de outrora
E aí, na
madrugada em flor desperte botão de rosa
De um branco
tão branco, brancura leitosa
De um rosto
de donzela encantada
Que distingo
no pensamento sempre que se cala o vento
O que resta
afinal de um conto de encantar
O que resta
nos meus olhos quando me apetece cantar
Ao lembrar o
teu rosto, o teu olhar
Nada e tudo
por entre linhas sem rumo
Assim começo
um novo poema
Será que ao
longe o futuro
Traz até mim
o teu sonho, fonema.
Ele são
coisas e coisas, nesta escrita vadia
São tranças
que desfaço amiúde
São os teus
olhos a rirem de mim
Neste jeito
catraio de dizer que sim
Ele são
coisas e coisas no branco do mármore
Até a chuva
se juntou agora
E aí, o dia
segue seu curso em busca da aurora.
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