Por entre os
dedos os cravos secos
Nas mãos de
calos doridas
Escorrem revoltas,
sonhos encobertos
Que até os
corvos se riem das feridas
Ai meu país,
meu chão, meu sal
Que fizeste
do sonho que se ergueu um dia
Reino sem
trono a boca vazia
Estômago seco
no seco da boca
Ai meu país
tudo está mal
E o sonho
que conta?
Lá longe onde
a memória não trai
Levantaram-se
jovens, num dia de Abril
Levaram ao
povo os cravos vermelhos
Ergueram-se
as mãos e os olhos dos velhos
Liberdade,
liberdade!
E hoje onde
está o vermelho rubro
A esperança
e a igualdade
Onde está o
sonho, e aquela criança
Que chora de
fome, onde está Abril…
Onde está
Liberdade.
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