domingo, 29 de julho de 2012

Raciocínio


Pobres almas aquelas
Que julgamos inferiores
Acabam por ser julgadas
Tenham ou não valor

Tardou o raciocínio…Tardou
Compreensão inacabada, palavras em atropelo
Quem sabe é o amor novelo
De aflições, furor de alma vencida
Vencida na vida contida sem abrangência

Pobres almas aquelas
Que tentamos rotular
Que não vemos as mazelas
Mesmo dizendo amar.

A Azinheira


Na calmaria da planície
O oásis tranquilo
Era assim na meninice
Brincando a isto e aquilo

Na sombra da azinheira
Os carreiros de formigas
Ganhões em longas fileiras
Sob os ombros loiras espigas

Eu olhava embasbacada
Com tão árdua labuta
Por vezes uma parava
Descansando a astuta

Ai quem me dera que os homens
Se parecessem com as formigas
Loiras eram as paisagens
E o resto são cantigas

Só resta a velha azinheira
Na planície tão cansada
Minha nobre companheira
De uma vida tão mudada

segunda-feira, 16 de julho de 2012

As rugas



As rugas da testa
Assinalam tempo
Vivido, temido
Talvez perdido
Para logo encontrar
As rugas da testa
São riachos
Onde limos verdes
Deslizam silenciosos
Entre seixos caprichosos
Aguardando o pernoitar
Da alma.

As rugas da testa
São minhas e tuas
Finas arestas
De vidas nuas.

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo