sábado, 31 de dezembro de 2016

Promessa... Feliz 2017.

Este dia de sol, igual à primavera.
Aquece o coração, tal como aquece…
A nossa silhueta, ao passar.
Só o silêncio pesa nos olhares, e sorri!

É sempre assim!...
P`las ruas de paredes brancas.
Pisamos este chão de pedra,
 trave das casas caiadas.
Sustentáculo da esperança.
Será ela a herança que vem de traz?
De um tempo de além… 
Gerado na paz!

É sempre assim: passo por ti.
Ou és tu, quem passa por mim?
Será que reparas? Que até o sol sorri!...
De mim, ou de ti. Ou para nós.
Com a promessa de que um dia…

Não passaremos… Só!...


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Raio de sol…

Sei que por aí… Neste tempo ínfimo!
Tudo corre apressado, através do vento!
As lágrimas fogem, os sorrisos morrem.
Enquanto, procuro um raio de sol.

Segui os seus passos numa tarde, qualquer.
Nem sequer, dei por isso. Agora… Entendi!
Foi esse o instante, em que morri.
Foi essa a hora, o começo do fim.

Mas se um dia encontrar o meu raio de sol.
Tomarei cuidado para que não fuja.
Já que a vida sem luz, não tem qualquer graça.
O meu raio de sol, onde está? Que se passa?


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

domingo, 18 de dezembro de 2016

O meu Pinheiro Verde… Conto de Natal.

Acordara de ânimo, leve, finalmente sentia que a alma levitava através da esperança, até conseguiu sorrir ao pôr o pé fora da cama! Coisa que até esquecera… foi há muito tempo que desaprendera a sorrir nesta quadra.
Sente-se velho! É um velho escriba, de palavras tantas vezes ocas. Nas mãos que já se apresentam, enrugadas, pende uma tosca caneta que tem vindo a transportar para o papel o negro do mundo. Nos ombros, o pesado fardo delineou a curvatura das costas e no olhar, já alberga os lagos gelados do norte. No coração, que trancou faz muito tempo, conseguiu ainda assim manter acesa: uma frágil e sonhadora luz. Que hoje despontou!
Todos os anos a mesma coisa… assim que Dezembro se avizinha senta-se numa manhã com o intuito de escrever um Conto de Natal. Manda a tradição que os contos de Natal; sejam leves e bonitos, manda a tradição que as emoções em Dezembro se mantenham ao rubro. Ao longo dos anos, ele tem conseguido contornar essa ideia preconcebida, a de que, Dezembro é complacente. Não podem os homens desviar a atenção das luzes natalícias. Em Dezembro as luzes querem-se brilhantes e luzentes, sobretudo devem pender de um pinheiro de plástico rodeado de presentes! Este Natal não iria lutar contra o brilho das luzes.
Não percebe… Até os pinheiros passaram a ser de plástico, e deixaram de ser verdes! O verde era a cor da esperança, e nada melhor do que um pinheiro verde para retratar essa esperança. Hoje, até os pinheiros são brancos, se repararmos bem: são da cor dos lagos gelados do norte! E ele teme que um dia destes o musgo do presépio também passe a ser branco, porque de plástico… já é!
Por isso mesmo, os seus contos de Natal tornaram-se ainda mais frios… Sente uma enorme incompatibilidade com os pinheiros brancos. Sabe que essa discordância afasta as pessoas dos seus parágrafos; no Natal. Deixá-lo; que a leitura torne ao rumo em Janeiro. Ou não fosse Janeiro o mês destinado aos parcos recursos…
Este ano, havia decidido não escrever Contos de Natal. De nada serve estragar o espirito natalício ao leitor. Sentia-se tão cansado… durante um ano inteiro ia se apercebendo que todos guardam as boas intenções para Dezembro! Até ele: Enquanto isso, guardava também as intenções para escrever Contos de Natal que ninguém queria ler em Dezembro. Paradoxo; sem pés nem cabeça!
Por mais estranho que pareça, habitou-se à ideia de que este ano se fingiria de morto, enquanto andassem entretidos com o Natal. Porém, a esperança por vezes faz das suas, quando menos se espera empurra a porta. Por sinal chega a ser malcriada, entra de rompante sem sequer bater!
Foi o que lhe aconteceu, durante a noite passada! Enquanto dormia teve um sonho…
Viu-se criança, de andrajos vestido! Muito embora sempre lhe tenham vestido, trajes de veludo. Nas solas dos pés sem sapatos, tinha desenhado um pinheiro despido de agulhas, tal a força do pó com que estavam cobertos os seus pequenos pés! Nos cabelos, fios e manchas brancas anunciavam que a frieza dos lagos do norte desabara, na sua cabeça. Não percebeu muito bem o que lhe havia acontecido… os seus cabelos eram pretos e agora apresentavam-se brancos! O pior foi a sensação de peso nos ombros! Era tão pequenino, nem sequer sabia dizer quantos anos tinha, e aquele peso que lhe curvava as costas, já o deixava perplexo e amedrontado…
A certa altura: Em pânico, perante a fragilidade que tão estranho sonho lhe trouxera, esteve prestes a desfazer-se em lágrimas. Mas nada aconteceu… não verteu uma única lágrima! Quando… aos seus ouvidos um trovão lhe revelou a penosa realidade… lá fora… o que restava das casas caía em chamas de cinzas, enfeitadas com o que restava dos seus sonhos de criança. Caiam sobre a sua cabeça, deixando-a ainda mais branca!
O pior aconteceu… o pinheiro que desenhara nos pés, desaparecera! No seu lugar nasceu uma estrada de espinhos… Haviam-se partido as janelas da alma e a guerra levara a melhor… Roubara-lhe o pinheiro que de verde passou a branco, de branco passou a ser somente uma árvore morta à qual se tinha vindo a habituar, mas agora… perante o peso dos espinhos a dor roubara-lhe até as lágrimas.
Por essa altura acordou…
Depois de se recompor do terrível pesadelo, saltou da cama e sorriu… afinal, ele, e todos os que conhecia, tinham paz à sua volta, tudo não passara de um tenebroso sonho. Mas… como sabe que há no mundo muitos a chorar de fome e de dor, e porque é Natal e Jesus vai nascer para salvar os que sofrem, vindo a morrer mais tarde. Tal como a criança do estranho sonho havia morrido… Decidiu que afinal...
 Este ano, volta a escrever um Conto de Natal, o no seu Conto de Natal desenhará em palavras cruas o retrato dos que morrem ao sabor de uma bala perdida. Decidiu também que o seu Pinheiro de Natal voltará a ser Verde, muito embora continue a ser de plástico. Sinal de que por vezes até os sonhos são de plástico! Para que voltem a ser verdadeiros não é necessário ao pinheiro ter prendas, que o dinheiro possa comprar. É necessária esperança num mundo melhor.

Bom Natal para quem chegou ao fim deste conto.

Antónia Ruivo, 18 de Dezembro 2016.


sábado, 10 de dezembro de 2016

O gosto de estar...

Não espero cuidado,
na supremacia imposta.
Descomprimo os afectos,
ao gosto de estar.
Paredes meias com os dias,
está a saudade das coisas!
Não quero nada da boca para fora.
espero o mesmo que a terra espera do sol:
Seiva e vida… iluminaria que seduz!
Enquanto isso, aguardo…
Tal como a terra gretada.
Na ambição do solstício,
escuto o silencio…
É ele quem vela a terra mãe!
E vai segredando…
Um dia regressarás à origem das coisas.
Estarás morta!
E a minha paz; por hora aparente…
Finalmente será Eterna.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Porque não…

Podias ser tu…
A sombra de um dia de verão.
Um ombro amigo, um bom irmão.
Podias ser tu…
O sol de inverno. A estrela da tarde.
Um oásis no deserto.

Podias ser tu…
O brilho nos meus olhos.
Rosmaninho aos molhos.
Podias ser tu…
Um amor, uma paixão.
Tal como o sol, porque não…




quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Desconheço...

Estou cansada, um cansaço insano!
Uma dor, a saudade, a falta de cor.
Um dia sem sonhos, ou sem amor.
Uma vida onde perdura o outono!

Até a chuva me faz companhia, inglório…
É este meu jeito de ser! Queria ser actor…
Com um palco e um pequeno tambor.
Onde martelasse um sopro irrisório.

Mas não… perduro além do tempo!
Onde o tempo é o melhor aliado.
Mas mesmo assim esquece alegria!

Deve ser desta chuva e da ventania…
Que se abate neste final de dia.
Deve ser… e mesmo assim desconheço!



Trilho...

Estás parada numa encruzilhada estéril!
Infecunda sobreposição de ti mesma.
Redopias num parapeito insidioso e débil!
Vencida te submetes a traçada nesga…

Ínfima claridade, sem bravura ou corcel.
Retalhada no peito, onde a chama se apaga!
Vacilante! Aparece um irrisório anel…
Suspenso na ventania que te empurra.

Parece que o destino é de terra batida.
Ou que o coração se renova em pedra.
Só os teus olhos teimam em chorar!

Então… porque finges que não dói lembrar…
Aquilo que o tempo faz questão de tirar.
Se o trilho é seguir até ao virar da esquina…


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo