quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ano Novo


No crepúsculo de mais um ano
Ás estrelas do céu eu peço
Calor e dedicação quem sabe um novo começo
Para todos os que sofrem, para os que nada têm
Peço o calor de uma lareira, um prato de sopa quente
Peço para os meus amigos o que quero para mim
Ternura e atenção, um caminho sem ter fim
Para os que são chegados um olhar mais atento
Um ano novo abençoado um novo renascimento
Par os que estão distantes um pouco de magia
Numa palavra errante, quem sabe estrela guia
Peço ás estrelas do céu, para ti que és peculiar
Ter sempre o privilégio de te ver caminhar

É este o meu pedido ao ano novo que vem
Que não se esqueça o que expira
Olhando o agora e mais além
Que o ano novo nos traga o abraço p`la vida inteira.

Bom dia

Se me disser bom dia
Fale baixinho
Não acorde as borboletas
Que todas as manhãs me visitam
Faça como elas e sussurre ao meu ouvido
As palavras que quero ouvir
No olhar coloque alegria
No sorriso traga  paz
Na mão aberta a certeza
De que mesmo na ausência
Se lembrará de mim

Se bom dia me disser
Fale com voz suave
Talvez ajude a esquecer
O que a alma enegrece.

Eu que não sou de promessas
As borboletas soltarei
Voarei nas suas asas
E bom dia lhe direi.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

No silêncio

Morrerei no silêncio
quem sabe...
Calarei na garganta um grito aflito.
Uma nota singela em clave.
Calarei na garganta o sentido
do meu olhar aguado.
Morrerei no silêncio
de uma madrugada.
Fingirei que não é nada
quem sabe me oiças
me adivinhes, mesmo calada.
Morrerei no silêncio
e a minha boca fechada
gritará sofregamente...
A minha vontade esfaimada.
Alma desfolhada
de um cacho em flor.
Gritarei no silêncio
a palavra Amor.


Morrerei sem saber
se o grito ouviste.
Morrerei a dizer
meu amor tu não viste!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Afinal é ou não Natal

Manhã de Natal
O silêncio pesa na rua, as fachadas dormem
Ao longe o barulho de um carro
O gato dorme também silencioso
Apenas o ruído do meu pensamento
Abala a quietude deste momento

Se a  chuva caísse diria cheira a Natal
Mas o sol teimoso abre-me os braços
Assim a vida os abrisse aos que sofrem
Diria que o Natal se tinha desfeito de embaraços

O silêncio continua a reinar
A minha filha dorme no outro andar
E eu escrevo, mas para que escrevo afinal
Se hoje é manhã de Natal
Que me importa a mim se alguém tem frio
Ou se alguém se despenhou no vazio
Não, não me peçam olhares ternurentos
Num só dia
A minha filha quando acordar sorrirá
O gato tranquilamente acordará
Até as fachadas abrirão os olhos
Delas a vida transbordará em molhos
Uns de um doirado vistoso
Outros de um castanho rugoso

Eu comodamente fecharei o caderno
Esquecerei que este é um dia de Inverno
Dia de Natal
Caminharei apressada pela rua a fervilhar
Irei de encontro a quem está a passar
Mas não o olharei.

Afinal é ou não dia de Natal.
Afinal depressa me esquecerei
E o mundo pelos vistos continuará mal
Eu estranho que um dia também morrerei.

É Natal

É Natal…

É Natal
O sol acordou brilhante
Reparto-o contigo neste instante
Em que a paz me visita
Cabe-te a ti transportá-lo
Pelos meandros da vida
É Natal
Abre a janela e sorri
Estás vivo, sim

Apanha o raio de sol
Embrulha-te na sua magia
Faz do amor lençol
Não apenas neste dia

Repara com atenção
Em quem está a teu lado
Estende-lhe a tua mão
Num abraço apertado

É natal
Cabe a nós afinal
Distribuir a magia
O Natal só é ancestral
De fizermos da noite dia

sábado, 24 de dezembro de 2011

Uma prenda no sapatinho

Para ti que deixaste uma marca especial
É para ti que escrevo um texto de Natal
Nele coloquei azevinho, uma ave no ninho
Coloquei um ramo de oliveira no teu caminho
Coloquei uma estrela, pedirei que te abrace
Quando te sentires sozinho, que te enlace
Sentirás a minha presença numa aragem amena
A noite serena envolverá a sombra do teu olhar
Com uma luz capaz de alcançar
O meu coração desperto na saudade
Para ti escrevo neste Natal
Para ti que cruzaste o meu caminho
Não estarás sozinho
Porque o meu pensamento é teu
Peço ao menino que te lembres de mim
Peço ao menino que ilumine o teu céu
Assim as forças do universo transportarão carinho
Por ti e por mim, sorrisos sem fim
É a prenda que almejo no sapatinho.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Início do fim

Deixa-me pensar que morri
Talvez a noite me vele
A lua e as estrelas quem sabe me chorarão
O meu peito é um barco vazio
Não se atreve a sonhar
Quem sabe as pedras me venham velar
Deixa-me pensar que morri
Ainda á pouco na escuridão
Vislumbrei um vulto
Era a minha alma vadia
Correndo por entre as nuvens
 A lua e as estrelas acompanhadas das pedras
Correram no seu alcance
Mas teimosamente
A minha alma afundou-se
A noite por fim rendeu-se
Deixou de olhar por mim
Por isso deixa-me pensar que morri
Quem sabe me olhes de novo
E seja o inicio do fim
O barco atraque no porto.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Feliz Natal 2011

Desejo um feliz Natal a todos os que passaram por aqui ao longo do ano, na impossibilidade de o fazer um a um porque são muitos deixo a todos o meu obrigado, de alguma maneira fazem parte da minha vida, com todos vós sorri muitas vezes e algumas escapou uma lagrimita atrevida. As palavras de apreço e gratidão deveriam ser ditas ao longo do ano mas nesta quadra tem outro sabor, principalmente para aqueles que estando sozinhos encontram aqui nestas páginas o carinho e o conforto que os faz sentir vivos, para esses os meus votos redobrados. Obrigado por estarem aí desse lado.
Um beijinho de carinho e apreço para todos.

Sonho

Ás vezes pergunto
O porquê à solidão
Ás quatro paredes
Pergunto porquê o vão
De uma janela sem sentido

Apenas a noite me visita
A voz que ouço é a sua
O frio gelado do Inverno
Trás com ele a recordação
De que um dia também sonhei
Acreditei e cresci
Tantas vezes escrevi
Em terreno baldio a aspiração
Um entardecer confortável
Uma mão amiga em voz doce

Porquê a solidão
No conforto que as paredes transmitem
Parece tudo tão deslavado
Pergunto de que vale ter telhado
Se ele é de ferro fundido
Não deixa entrar o ruído
Das gargalhadas sinceras
Porquê a solidão
Nas horas serenas

Pergunto mas não tenho réplica
Acho que sou eu que murchei
Transformei o sonho e a resposta
Em algo que não imaginei

Mas ainda á pouco senti
Que pouco ou nada me importa
Igual á erva mirrei
Fechei a janela e abri a porta
Mas o sol passou e não vi.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Natal Triste

Olhaste para ele num breve instante
Será que o viste como é
Questão impertinente se achegou
Sem pedir licença se abeirou
Ao meu coração moído
Trouxe num momento condoído
O pensamento que teimo em esquecer
Com ele trouxe no peito a bater
Um soluço que se abriga na garganta
Trouxe um corpo gelado sem ter manta
Uma floco de neve no beiral
Olhaste para ele, a pergunta
Que sem ter resposta agoniza

A noite corre de mansinho
Cheira a Natal lembra o azevinho
Olhaste para ele ó Deus Menino
Reparaste no seu corpo franzino

Olhaste para ele e não o viste
Só assim entendo o seu viver triste.
Olhaste para ele afinal
Responde ou não será Natal.

Deixa

Deixa que adormeça `` de mim´´
Deixa que esqueça o que sou
Deixa enfim, embrulhar-me em cetim
Olhar-me no espelho e dizer aqui estou

Deixa as horas passar
A noite e o dia
Manda o breu passear
Com ele a ventania

Que os meus pensamentos impelem
Fazem-me erguer dos escombros
Mas faltam-me asas
E sussurros que me acompanhem
Faltam-me as horas curtas
Os dias pequenos, porque duvido afinal
De mim
Deixa que adormeça quem sabe se acordar
Encontrarei o teu olhar
Deixa que esqueça sim
De mim e do silêncio que me chega
Na noite a soluçar

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Natal chegou


Um vulto apressado no corredor do tempo
As aves dizem-lhe adeus, ela nem repara
Disfarçasse ele uma sonolenta  nostalgia
E o tempo certamente ainda lhe sorriria 

O Natal chegou e ela nem se atreve
A olhar o tempo de um ano que finou
Olhe que agora o dia mingou
E ele sabe que ela não parou

Tem muitos anos e rugas na cara
Os natais já nada lhe dizem
Muito menos as aves que ainda predizem
Alguns dias de sol que ainda condizem

Com o brilho no olhar e um ar astuto
Quando a olha com olhar certeiro
Menina porque corre o dia inteiro
Faça como eu sou velho e matreiro.

E lá volta ela à sua correria
E lá vai ele sentar-se no banco
Ela corre apressada sem ligar ao espanto
Com que ele a olha escondendo o pranto

Os pombos que saltam de banco em banco
Parece que predizem a quadra festiva
Será que reparam nesta estranha lida
Um dia de Inverno a juventude e o fim da vida.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sou eu

Sou eu…

Não sei porque me pesam as palavras
Nem tão pouco as mãos despidas
De artefactos, porque me pesam os dias
Os sonhos fugidos em todas as horas

Porque me pesa a razão, o medo a fantasia
Porque me pesa afinal até a fresca maresia
E os poetas, esses, tem um peso infernal
Na minha vida despida, descobri afinal

Que não são os outros que me pesam
Sou eu o peso morto que não encaixo
Nos pesos daquilo que pensam
Sou eu o peso descabido sem tino a ter sentido
Sou eu o peso transparente, palavra sem ouvido
Sou o pasto da semente, terreno árido
Uma guitarra sem cordas de um velho fado

Sou eu, quando escrevo as minhas merdas
Sou eu, quando te olho sem te ver
Até sou eu fingido que não quero ser.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pelo sim e pelo não

Quer sejam azuis ou amarelos, os sonhos
Que invento dia a dia, sou feliz ou infeliz
Conforme a ânsia em que vivo, medonhos
São os receios, devaneios de mente incrédula
Que sei eu afinal da sorte, aprendiz
De feiticeiro este meu ego brejeiro, incerta
É a vida à nascença, nada há que me convença
Errata naufragada na penúria existente
Consistente é o verso do avesso, perdurável
O desejo pertinente de ser meu, improvável
O olhar impenetrável que me lanço

Balanço final para presentear a aflição
Que aflita balanceia a ilusão, que seja feliz
Pelo sim e pelo não.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Entre quatro paredes

Entre quatro paredes falo contigo
A cada sombra lanço um sorriso
Á luz mortiça que pende do tecto
Lanço um olhar e um feitiço

Falo de mim do que já foi
Daquilo que espero ser
Falo da sombra e de quanto dói
O silêncio no entardecer

Falo de um tempo que nunca vi
Das tardes calmas do luar de Janeiro
Falo dos dias que vivi
Procurando breve sombreiro

Entre quatro paredes perco a razão
É sempre assim quando a solidão
Entra pela porta e me dá a mão

Falo de tudo comigo a sós
Desfolho dores e alguns sorrisos
Enquanto teço roliços nós
Em cada lágrima que me cai aos pés

A todas elas eu dou abraços
São a companhia que faço em estilhaços
Do peito me pende grosso cordão
Que o silêncio abraça e me estende a mão..

sábado, 10 de dezembro de 2011

Faz um favor às pedras

Faz um favor às pedras
Ás pedras da minha rua
Não lhes pises mais as ervas
As ervas que são suas

Faz um favor às pedras
Deixa que o verde as beije
E quem sabe alguém deseje
Que as pedras brilhem ao sol
E de noite à luz da lua
A solidão é lençol
Que as ervas desvirtua
Faz um favor às pedras
Ás pedras da minha rua.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Clandestinos


Uma casca de noz baloiça nas águas frias
Leva no centro uma saudade de prata
Como velas a esperança mão-cheia  de mágoas
E os homens jazem no fundo que mata

Uma casca de noz que se transforma em adagas
Sempre que o mar revolto sacode a fragata
E os corpos jazem p`lo chão, agregado em agruras
Almas cansadas, olhos ao céu e a chuva em cascata

Sem pena ou omissão numa fúria sem perdão
Fustiga os corpos tremendo de frio, o vazio
Afunda a alma que entretanto perdeu o brio

Dos poucos que chegam a uma Europa em trapos
São recambiados e os sonhos em farrapos
Afogam-se na praia sem dó nem compaixão.

Os remendos

Os remendos nos meus pés
Sempre presentes
Deixam rasto afinal
Muitas vezes sou demente
Algumas nem bem nem mal
A maioria assim-assim
Tola por fim
Chego ao lamaçal

Coloco mais um remendo
Saltito, penso ser vento
E adormeço
De manhã quando acordo
Olho o espelho enfastiada
É meu amigo afinal
Sorri, vai lá lavar a cara
Porque a alma não precisa ser lavada

Afinal era poeta...Obrigado

Correm as borboletas sem asas, esvoaçam
Perdem-se e cansam-se, afastam-se do horizonte
Correm ideias, corre nas veias um instinto animal
E o crer que parece altruísta, é comodista afinal
Corrói e polui o cercado, o longe é tão distante
Tudo faz crer e até os recados se esgotam ao ar, cansam
Estes desfasamentos intelectualizados
Os monumentos a deuses passivos
Cansa a falta de ideias, muito mais os cercados

As borboletas nascem para a  liberdade
Em voos dispersos por um dia de vida
E os poetas nascem para ser ouvidos
Para serem censurados ou em ombros levados
Os poetas nascem para a eternidade

Só assim a escrita acontece
E quem sabe um dia, o que por cá ficar
Alguém reconhece.
Afinal era poeta, sabia o que escrevia.

Era tão bom se o poeta adormecido
Erguesse a mão do tumulo num adeus descabido
Era tão bom que poeta depois de morto
Pudesse dizer obrigado
Afinal valeu a pena tanto sonho inacabado.

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo