terça-feira, 30 de junho de 2015

Nem vivo eu sem saudade

E se o sonho voltasse na brisa que corre,
ao final do dia soariam as cigarras ao longe.
O meu peito seria pequeno para albergar esse sonho.
E aos meus olhos uma cascata no deserto,
inundaria os sentidos.

Até as árvores seriam mais verdes ao vento,
Se voltasse o que se foi por vontade.
Quem sabe não voltaria a chover.

Impensável pensamento!
Não vivem as árvores sem chuva,
nem vivo eu sem saudade.
Não existe dia sem noite,
nem o meu coração sem mágoa.

Então:
o sonho e a brisa onde ficam nesta estória?

domingo, 28 de junho de 2015

Vila Viçosa.

Por entre histórias de encantar uma flor,
um porto seguro por entre as pedras.
O memorar da tradição penetra a cor
de um dia de verão, escasseia a sombra…

Quarenta graus! Pele trigueira é o clamor
das paredes caiadas nas tardes ensolaradas,
suspiram os corpos: água! Alentejo suor
dos trigais de um loiro preso nas almas!

Ai linda terra de branco chão, cantam
as vozes da tradição! Ai nobre gente
provindo de além, onde o sonho emerge.

E o céu ao alto é coberta de cetim ardente!
Abraça com o bordão de então e com graça
A princesa do sul que é Vila Viçosa.

sábado, 27 de junho de 2015

Tudo porque tenho saudade...

 Tenho saudade dos teus olhos e do rir
da tua boca tarde fora. Tenho saudade
dos dias compridos, das noites a advir
e das madrugadas de verão na cidade.

Sei que tudo passa. Tenho que admitir
os dias, estrada fora sem vontade!
Onde invento estrelas e luas de fingir,
bonecas de cartão ao cair da tarde.

Tudo porque tenho saudade, e aí
reinvento uma balada de bem-querer.
Dentro do meu peito. Uma dor que extraí!

Apartei também uma lágrima que dilui
numa poça de água cristalina, e o ser
se apaziguou numa gargalhada… E fingi!


terça-feira, 23 de junho de 2015

No teu olhar faminto...

Diz-me: são os sonhos vendilhões daquém,
e as dores, tábua rasa onde me estendo?
- A saudade pode ser borboleta em vaivém!
Diz-me: que serei eu? Que não entendo!

- Uma nuvem passageira e do vento refém,
tenho a alma exposta mesmo sabendo,
que sou vagante onde as sombras descaem,
ao cair da noite! E a lua vai trazendo,

o que resta de mim, e daquilo que pressinto.
E numa estrela cadente o sonho inseguro,
cair-te-à aos pés. Num olhar prematuro!

Nada me restará: serei então ninguém,
perdida de mim por entre o labirinto,
que é o amanhecer.  No teu olhar faminto! 




segunda-feira, 22 de junho de 2015

O sonho se foi p`ra não voltar…

Ressoam os sinos no fundo do meu espírito!
Certamente: é o eco do vento que amiúde
traz a tua voz ao meu coração em alento.
Ou a inalterada saudade que assim me ilude.

Ressoam as horas num queixume rouco e aflito!
E o meu ser nas badaladas se confunde,
não sabe se é dor, se é a ilusão de um só grito,
que eleva o teu rosto por entre a plenitude,

do pôr do sol! Eu sei: que sinto o teu respirar
por entre as ramagens das árvores, eu sei,
que numa noite de luar, foi a ti que amei!

E por entre os dias e os meses mais me confundo,
desconheço se me iludo. Ou se sou fraca a sonhar.
Sei que na vida o sonho se foi p`ra não voltar!




  

quarta-feira, 17 de junho de 2015

De sonhos enfeito o futuro

São as nuvens o meu telhado,
os sobreiros as paredes,
uma estrela a iluminaria,
e de alimento a ilusão!

De mobília tenho um fado,
de amparo o campo aberto,
ao nascer do sol!

De sonhos enfeito o futuro,
e de amor fiz um rosário,
da saudade pirilampos,
que solto por entre as nuvens!

E contigo corro ao relento,
onde as quimeras são sebes,
que a alma supera!




Os Sonhos...

Serão todas as palavras de amor,
silêncio na vastidão?
Ou pelo contrário:
são a saudade que entra pelo postigo.
e os sonhos?
-Os sonhos meu amor,
 são todos os versos que invento contigo.



terça-feira, 16 de junho de 2015

Nós dois e um xaile de cambraia...

Por vezes apetece-me juntar todas as letras
de uma trova de amor, e tecer um xaile de cambraia.
De alvura semelhante às paredes caiadas,
ou de um vermelho igual ao barro da planície.
Transformá-las em gotas de água de uma fonte,
onde as avencas murmuram ao luar.

Apetece-me juntar todas as estrelas do céu de Agosto.
Transforma-las em refrão! Assim transporto o teu rosto,
noite fora, o som da tua voz, e as palavras por sonhar.
Peço licença à solidão e divido o espaço contigo!
E assim: nós dois, o xaile de cambraia e uma mesma canção,
Bailamos ao nascer do sol. E as letras ganham asas!


sábado, 13 de junho de 2015

Quadras de Santo António...

 Nas marchas populares
Quero contigo bailar
Nos acordes, nos trinares
Contigo quero marchar.

E no cheiro a mexerico
Depositarei um beijo terno
Pois em casa é que não fico
Mesmo que a noite cheire a inverno.

Está um frio de rachar
Ó meu rico Santo Antoninho
Anda tudo pelo ao ar
Mas que frio, que desalinho.

Não te quero incomodar
Mas o pedir faz sentido
Atrai até mim o namorar
De um beijo atrevido.

E numa sardinha assada
Traz o pão, que é nosso povo
Eu só gosto bem passada
E com um gole de vinho novo.

E para terminar
Santo António casamenteiro
Será que me podes brindar
Com um amor verdadeiro.




quinta-feira, 11 de junho de 2015

Os meus sonhos...

Todos os poemas de amor são histórias inacabadas,
melodias ao luar, ou choro de almas cansadas.
São retalhos de um lençol onde o corpo adormeceu,
qualquer poema de amor: meu amor é teu!

São teus, os meus delírios,
e as minhas insónias.
De igual modo as minhas vitórias!
Até as dores sem dia ou hora,
são tuas!
São teus os meus sonhos:
perdidos no vento em grandes rebanhos!


quarta-feira, 10 de junho de 2015

O Nosso Amor

Caminha comigo à beira mar,
onde sem espaço ou tempo o sonho emerge.
Deixa que o vento te roube um beijo,
e o deposite nos meus lábios.

Ouve então a canção das ondas e sorri.
Nas nossas mãos unidas: o mundo!
Corre na areia: mas leva-me contigo.
Poderei então morrer sem aflição.

E as gaivotas que sobrevoarem a praia,
levarão presas nas asas,
por entre os ventos em abolição,
uma história de amor por inventar.

Camões...

Convido-te Camões para uma conversa adiada.
Falaremos de ti, dos teus feitos, dos teus amores,
do teu cativeiro, e porque não de alguns doutores.
Do mar, de aventurança e da palavra arrastada…

Por um acordo impertinente! Língua mãe açoitada!
Já noite fora chegarão os Lusíadas. Redentores
são todos os poemas de amor! E simples pastores
são os poetas alta voz. Como herança a tua vida!

 Camões: grita na madrugada: Sonho e Confiança.
Grita a tua humildade. E aos vendilhões: Dignidade.
A Portugal alerta que a Vitória é Memória.

Para que servem medalhas em colossal pujança?
Amanhã em estéreis caravelas de oportunidade,
afundam sem respeito a Tua Soberana História.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Todas as Palavras de Amor

Sussurra ao meu ouvido: amor,
e caminha comigo por entre a madrugada.
Faz com que acredite que o céu é logo ali.
Exibido na cor do arco íris.

Desliza a tua mão pela minha pele,
sob os dedos sentirás o coração.
Onde a emoção é planalto antes do céu!

Sussurra o meu nome…
Mas grita bem alto a minha solidão,
e todas as palavras de amor farão sentido.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Palavras de Amor...

Subo contigo à colina;
e bailo num tempo sem fim.
as pedras da calçada sorriem
do teu ar de menino.
Eu, embalada no rir
revejo e desatino.

Num sonho antigo! desconheço,
onde paira o pensamento.
Porém reinvento vocábulos
de amor!

E a dança é então cativa dos meus sonhos.
E o vento o mensageiro desse amor.
Eu, mulher: mas que ser imperfeito!
Redescubro palavras, sou um óptimo actor



domingo, 7 de junho de 2015

Um verso de amor...

Pede um verso de amor…
Como se as palavras não se repetissem.
Pede por mim, por ti, por todos os que sonham ao luar…
Pede um poema de amor: refeito e com cor.
Atreve-te a saborear o impossível, e ri de mim,
mulher sem eira nem beira, onde o vento suão
é palavra. Implora amor…
Por tudo o que te é sagrado.
Mas não implores por mim,
sou ave de rapina em voo prolongado!
A banalidade no verbo amar é arrepio:
em quatro letras! Então,
que seja verbo na frase perfeita.
Do amor elevado ao cume sem galanteio…
Pede por favor um verso contrafeito.
E verás borboletas nos meus olhos.


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo