sábado, 21 de maio de 2016

Para onde vai...

Para onde vai a sombra de fraco intento.
Manto purpura e surrado.
Sonho inaudito à boca da noite.
Ou pássaro alado, sem rumo.

Misterioso e entontecido,
é o silêncio!
O que mói: Nem sequer é a saudade.
É o sossego das respostas.
Inexistentes ao ouvir o som da alma.
Onde se perdem todos os passos…
Onde os grilhões são metáfora,
que os poetas manipulam.

Para onde vai a rainha descalça,
coberta de trapos esfiapados?
Se nem sabes a resposta,
como a há-de adivinhar, a morte.

sábado, 14 de maio de 2016

Destino...

Passei há pouco pelo destino,
nem sequer me reconheceu.
Porte altivo, porém de menino,
que no encontro entardeceu.

Paredes meias de olhar vazio,
sobre os ombros a sua cruz.
Perdeu-se a sorte numa esquina,
só porque a altivez a isso conduz!

De que importa se os dias tremem de frio,
ou se a vida é curta e franzina.
De que importa se o peso dos anos,
é a cruz de uma qualquer sina.
Passei há pouco pelo destino e uma lágrima caiu!
Fingiu que não viu e perdeu-se assim,
de mim e de si naquela esquina.


domingo, 1 de maio de 2016

Não digas nada

Se me aproximar de ti presta atenção
ao meu rosto. Mesmo fechado, sorrirá.
Como quem ri para a vida e por condão,
tropeça…. Numa flor que se abrirá.

Gosto de ti. Estranha contradição
é esta forma de amar. O que faltará
para que as estrelas em abolição,
guiem na cauda o alento que suportará…

Todos os sonhos ao luar. Se me aproximar,
será porque afastei a sombra do entardecer,
e com ela se foi o silêncio. Se me aproximar:

Não digas nada, sorri e deixa acontecer,
todos os anseios que estão por acarinhar.
E quem sabe no teu peito possa adormecer.

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo