quarta-feira, 29 de abril de 2015

Com o teu sorrir...

Sou poço sem fundo e a saudade impera!
Se corro na busca de uma luzerna,
logo retorno ao meu riacho de nostalgia.
Remo contra a corrente desgovernada!

Então, todas as dores contidas num poema,
Não são minhas… a minha alma é soberana!
Enquanto sonha reclama, um verso, e o drama
que é esquecer a saudade. E por mim chama...

Um não sei quê de tormenta! Lembrança
que desconheço o inicio. Um ténue fio
que me mantém cativa da melancolia.

Por isso preciso do teu olhar, como criança
que brinca tarde fora  ao chegar o Estio.
Com o teu sorrir afastas de mim esta herança!





terça-feira, 28 de abril de 2015

Sempre...

De todas as conversas inacabadas,
Fica sempre uma saudade.
De tudo… até de mim!
Da Primavera, do caramanchão,
onde descanso o olhar.
Enquanto não vem o Verão.

E porque são tantas as coisas por dizer.
Que não cabem no infinito!
Por vezes penso… O melhor é escrever.
Nem que seja um verso sucinto.




domingo, 26 de abril de 2015

Beijos roubados ao imaginário...

Um poema em três passos,
deve ter a segurança de um casarão.
A beleza do céu num dia de Primavera,
a fúria de um temporal.

Um poema em três passos deve ser frontal.
Arrepiar caminho, não é destino.
Deve causar pavor: Porque não…
Se o mundo se banha no seu âmago!
Ser medroso jamais. Deve aprender e desbravar.
Um poema em três passos, pode ser ternura,
deve ser amor. Não ocultar dor, muito menos olhar.

Um poema em Três passos,
será sempre o poeta a sonhar.
Ou então a ralhar!
Porque todos os esfiapos devem ser,
beijos roubados ao imaginário.


sábado, 25 de abril de 2015

Amanhã, depois dos Cravos...

No dia em que todos os cravos são mais rubros,
ando por aqui sem norte, medito nos rostos,
nos discursos, redescubro que afinal Abril,
se desfaz nas pétalas de águas mil!

No dia de todas as memórias, o poema é supérfluo!
Comodamente jorrado ao politicamente correto.
Porque amanhã, tranca-se a Liberdade no cofre,
de uma Europa autoritária. Enquanto o povo sofre!



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Eu sei...

Que… Quando o vento entra pela janela,
traz nas asas partículas de fino fio.
Entrelaçadas as pérolas de um rosário;
Coloridas, e até as velas de uma caravela.

Traz dos trigais ao longe subtil silêncio.
Em que adivinho o teu rosto e uma aguarela.
Pintada em tons de azul! Tão simples e bela.
Nos traços redescubro o mistério…

Que é a alma de Poeta. Por vezes as palavras,
são sorrisos de criança, ou então borboleta.
Esvoaçam na memória igual a cometa.

Ou são rendas e brocados, sedas bordadas,
com as quais a imaginação se enfeita.
Eu sei… A alquimia pode ser perfeita!


Abril...

Das andorinhas p`lo céu,
dos passos estafados, destinos roubados,
às águas de Maio.
Do medo vencido, sem força das armas.
No vento os gemidos dos presos de outrora.
Hoje em desgraça se morre na praça!
De fome e de medo, tão fria mordaça!

Abril…
De um país em cacos! Vivos por chorar;
As crianças berram…Vamos lá mudar.
Papoilas que ondulam na nossa memória.
Costelas do Povo, pedaços de História.



terça-feira, 21 de abril de 2015

De ti farei todos os poemas.

Sou um deserto branquinho,
de areias tão finas,
dunas caprichosas.
Perdida por entre o nada!
Uma rosa do deserto
de aresta estonteante.

Por vezes me sinto pedra,
na planície alentejana.
Nas areias de um ribeiro
sou moira da moirama.

Os cristais que são meus medos,
penetram a terra virgem.
Buscam talvez degredos,
que neste mundo persistem.

Outras por entre a lua
procuro o teu abraço.
Mas a saudade é crua
logo me desembaraço.

Sou um deserto branquinho!
Sem oásis que lhe valha.
Faço dos versos destino,
das rimas farei mortalha.

E de ti… farei todos os poemas!
Que sonham na noite calma.







segunda-feira, 20 de abril de 2015

Tal bolinhas de sabão...

A noite é propícia à incerteza!
Indago Schubert, e os sons do piano,
afirmam que estás aqui,
por entre a luz do candeeiro,
Nos versos onde repouso o olhar.
E aí… se não pensasse em ti,
 seria a noite  obscura!

Tu és a estrela que ilumina a praça!
Claridade, bem-querer, sorriso, leveza.
Por entre as dúvidas, és correnteza!
Ao amanhecer o dia surgiria cinzento;
se o poema sufocasse no meu regaço.

Por isso… O piano, o poema e tu,
 dançam nas paredes da sala.
Eu, a sombra chinesa,
que se afoita na luz mortiça.
Amofino dolente e pardacenta!

 O meu país morre aos poucos!
Que fazer, para que Abril aconteça…
Quem sabe as respostas que procuro
as encontre ao acordar.

Surgirão coloridas e brilhantes.
 Em rimas de um verde esperança.
Tal bolinhas de sabão,
Saltitando de mão em mão.


domingo, 19 de abril de 2015

Quando damos por isso...

Existem leituras que tocam a alma!
Entram, pé ante pé,
Pedem licença às paredes,
 às sombras, aos receios.
Florescem letra a letra,
 por entre as tardes de Primavera.
Quando damos por isso,
 o namoro acontece!
A partir daí…
Todos os rios desaguam nas tardes de sol.
Enquanto os nossos olhos se tocam,
no imaginário. E a poesia acontece!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

O Bem-querer Acontece…

 Pode ser da música a dimensão do espaço,
da terra ao céu… Um todo que se entrelaça!
Será da saudade do amanhã, ou então:
A quietude da noite é indício de nostalgia,
onde pairam distâncias em contramão.
São pertinentes as dúvidas!
Sempre que o cerne aflora,
E entra sem pedir licença.

Pode ser da música ou de ti.
Pode ser…

Assim como rolam saudades,
Os sonhos rodopiam por entre as notas musicais.
Atracados trazem instantes surripiados;
à fantasia. Ao seu lado desfazem-se as sombras
E amanhece a certeza, seremos vértices a ocorrer
nesta noite. Em que o bem-querer acontece!


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Se do barro que somos talhados...

Almejo impelir-te os sentidos,
Elevar aos píncaros o poema,
nos dias de rima fácil.

À semelhança de outrora,
quando as palavras erravam,
 nos botequins ao final da tarde,
e os poetas entre si rasgavam versos,
que dependuravam na alma.

Apetece-me espicaçar!
Recuo… não julgues a minha ousadia,
impropria ao presente.

Porém… São tantos os versos perdidos,
impedidos de respirar. Metamorfose
dos beijos  ao luar!
Seguro a ânsia de ir além…
Por entre as flores da primavera.
Que até os escuto a implorar!

Penso duas vezes, torno a pensar.
Dou por mim a imaginar.
Do barro que somos talhados,
soltam-se partículas em versos roubados.
Ao céu, à terra e ao mar!

Imagem: Via Google.


E tu...

Se um dia chegar nas asas do vento,
ou num bando de andorinhas.
Ficarei escutando os sinos dobrar
As Avém- Marias.
Permanecerei quieta,
olhando a dança das aves.
Porque nesse dia as fantasias,
serão danças ao luar.
Até os versos,
de uma simplicidade estonteante,
serão amores-perfeitos,
no jardim ali defronte.
Porque se um dia chegar,
um caudal de água cristalina,
será a noite dia, o sonho… Quimera.
E tu, entrarás pela porta da alma!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Jardineiros de sonhos...

Germinam palavras por recriar,
de amor, ternura, paixão,
em todos os momentos inacabados do dia!
Pode ser deste céu de um cinza tão escuro.
Pode ser de mim, difícil acreditar.
Por outro lado os sonhos são infernais;
barulhentos como vendavais.
Podiam ser só sonhos; mas são muito mais.
São a fonte dos receios e dos desejos!
Quem sabe não preveja o azul do céu.
Ou então… o azul seja tão azul,
que o cinzento de hoje, seja por acaso.
E aí… quando acontecer o ocaso,
recrie finalmente afeição.
Se isso acontecer, como adiar a esperança?
E o imaginário… Voltará a correr
para os braços do impossível!
E assim germinam flores de todas as cores,
e de aromas silvestres.
E assim germinam os sonhos de amor!
Ou não fossem os poetas laboriosos,
que numa loucura sadia são jardineiros
Em prado de fantasia.

Imagem via Google.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Ora os beijos...

O céu trouxe-me o mar!
Onde navegadores cruzaram sonhos,
logo hoje… prestes a naufragar!
Tal Nau Catrineta.

E se a tarde trouxesse uma sinfonia,
e o som das gaivotas viesse também.
Permaneceria fechada na fantasia,
mesmo que um poema me fizesse refém.

Logo hoje…
Em que pensei calar o turbilhão das águas,
Que correm loucamente na ribeira da alma.
A cor do mar… Faz-me sorrir!
E aí, não há cansaço que me vença,
nem madorna que dite a regra.
Como música de fundo Chopin.
E com ela todas as noites são propícias
ao amor! Dançam por fim os golfinhos,
no meu olhar!
E contigo que vieste na brisa do mar,
deslizam os versos por inventar.
 E os beijos, ora os beijos… são os golfinhos a brincar!




domingo, 12 de abril de 2015

Na simplicidade do olhar...

Eis que…
Quando as palavras se julgavam gastas,
e de um azedume gritante,
Chegaste!
Na simplicidade do olhar.
E nas mãos abertas os poemas florescem!
Questiono amiúde as árvores da praça.
- Seremos marionetas das vozes de outrora?
Responde o vento na ramagem.
 - Não te percas, escuta:

Palavras de ternura,
de uma beleza singela.
Desliza nas ruelas com a lua,
retorna ao tempo de quimeras.
Faz das palavras alcova;
e assim renasce a Primavera.



sábado, 11 de abril de 2015

Castelos de Encantar...

Tudo fica mais leve, quando contigo,
mesmo que a ausência seja companhia
As paredes nuas… Amparo e abrigo,
e as sombras da noite trazem a magia…

Das estrelas no teu olhar! Assim prossigo,
perdida em quimeras, são pura magia!
Sempre que a solidão é frio castigo,
e as saudades atiçam à ousadia…

De sonhar com castelos de encantar.
Com um beijo teu. Um afago, a calma!
Como é doce o poder de imaginar!

Uma rua colorida, mesmo sem vivalma,
 mil balões p`lo ar, ou um rouxinol a cantar.
E a tua voz … Doce embalo da minha alma.



Em Comunhão...

Ao sabor de uma aguarela tudo é divino!
Até a falta do teu abraço fica mais leve.
Tudo… até o que desliza em desatino,
se assemelha no reboliço a branca neve.

Relembro o mar, na areia és um menino!
Que brinca com bolas de sabão, acontece…
Aos meus olhos um festim campesino.
Onde os sentires são música que enaltece…

Uma escrita alinhada na imaginação,
de uma valsa dançada p`la tua mão.
E lá adiante num tempo de cerejas…

Eu e tu… tu e eu… Em comunhão!
Passeando de mãos dadas e o coração.
Ora o coração…Navega nas palavras!

Logo Mais...

Por entre as gentes encontro maneira
de estar contigo.
Por entre as esquinas das velhinhas ruas,
vislumbro a saudade que presenteia,
um rosto amigo.

E as pedras já gastas; do austero castelo,
falam de um tempo lá atrás distante.
Onde em brincadeiras se jogava ao eixo,
se desenhava na terra o jogo da macaca.
E a criançada munida de fisgas,
atazanava a vida da passarada.

Por entre as gentes sou apenas eu,
tal como tu, destino comum!
E logo mais, um poema nasceu,
Ao olhar a lua, mas que trinta e um!


sexta-feira, 10 de abril de 2015

Logo mais...

No labirinto que são as palavras;
desenho o teu rosto a tinta-da-china,
e silaba a silaba, desenho o afago que me dás.
Fico ali! Como se os céus antevissem a sina,
das tuas mãos pousadas no meu colo.

Eis que o desenho salta do papel,
e dança alegremente no céu estrelado.
A noite sorri porque presente,
que ao largo bate um coração apaixonado…

E logo mais quando a noite for mais noite,
e a lua se livrar das nuvens,
um calafrio percorrerá a minha pele!
E tu… ilusão subtil, ou delicada miragem,
 serás a estrela que me impele…

A ir além, onde os céu e a terra se tocam!
Onde os sentidos reconhecem a paixão,
e as nossas mãos por fim se entrelaçam,
e assim permanecem ao sabor da emoção.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Que Nunca é Tarde...

Converso contigo no silêncio!
Falamos do tempo, das gentes na rua,
de como é bom viver no Alentejo.
Falamos das crianças que brincam libertas,
do vizinho na mercearia. Diz que tem gota!
Vê bem… até falamos de poetas!

E assim por horas a fio converso contigo.
Mas só respondem as paredes!
Os gatos e o cão, até um pombo vadio,
que mora na casa dos fundos.

O que tu não sabes, é que guardo no baú do sonho,
as conversas que não temos, aquelas que falam de amor.
E que um dia, quando o silencio se cansar,
e trocarmos um olhar, falaremos noite fora…
Que nunca é tarde para amar.



quarta-feira, 8 de abril de 2015

Há Palavras...

Há palavras que são beijos,
numa face rosada pelo frio da manhã.
Outras são asas de brancas borboletas
num bago de romã.
Palavras que são realejos,
ao ler em alta voz. Casca de noz!
De velas içadas, caravelas em alto mar.
Palavras a provocar!

Algumas até adormecem;
para logo despertar.

Recomeça a correria,
palavras e mais palavras,
do peito a sussurrar!

Palavras de amor, jogadas à lua.
Loucura ou paixão em pleno verão.
Palavras despidas dançando na rua,
içadas ao alto num verde balão.

Até a lua sorri, expectante…
Inventam-se palavras…
Que aquecem a alma!
Desnudam o peito!
Mostram que a vida,
é para ser levada com jeito.

Há palavras que são beijos,
de moçoila ao luar.
São gaita-de-foles, solfejo.
Colina que ao longe vejo,
onde despertam os sonhos.
Há palavras que são andorinhas a voar!




sábado, 4 de abril de 2015

Páscoa

Os ovos, e os coelhos alinhados,
o alecrim. E Jesus admirado!

Tempo de Páscoa, tempo de festa,
e o mundo descai… Que festa esta?

Tempo de Páscoa, ai que saudade.
Da ilusão, da meninice,
 Ai que saudade do fim de festa,
Onde a vontade sobressaísse.

Pintura: Calvário, de Antónia Ruivo.




quinta-feira, 2 de abril de 2015

Estas Rosas... Uma Páscoa feliz.

As rosas que me caem aos pés,
são de uma ausência deslavada,
por todas as lágrimas que chorei, depravada.
E as lágrimas são cardos, pisados a eito,
por ilusões e paixões. Amor-perfeito!

São estas rosas os beirais do telhado,
onde repousam ninhos de andorinha.
São as esquinas que me amparam marés,
Propicias ao desencanto!

São rosas vermelhas, beijos esquecidos,
outras vezes brancas, mortalha em vida.
São estas rosas vaidade minha!
Pois na saudade sou senhora e rainha.


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo