segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Peço ao Menino


 
Se o Natal chegar pé ante pé
É porque o menino está a dormir
Não o acorde no sono é feliz
É que para muitos o Natal não é

Nem dia de festa de mesa repleta
Nem luzes e cores o escuro reina
É para eles o meu pensamento
Invocando Natal neste momento

Peço ao Menino no seu sono profundo
Atreve-te a sonhar com um mundo melhor
Às crianças dedica mais que um minuto
Aos velhos afaga a profunda dor
Ao meu país que caiu em desgraça
Peço Menino um pouco de brio
E para quem pernoita na praça
Menino Jesus aparta o frio


domingo, 15 de dezembro de 2013

Serei



Serei! Ápice insatisfeito
Na terra de ninguém
Instante ou aconchego
A sombra do além
Na lembrança que resguardo
O teu rosto é o sol
Uma flor no meu regaço
A frescura de um lençol

De linho bordado a oiro
Os teus olhos nostalgia
Serei! Cofre de um tesoiro
Meu amor quem diria
Na minha insatisfação
O dia nasce tristonho
Renasce em aparição
Abrindo as portas ao sonho

E quem sabe lá adiante
O barro seja vermelho
A tua presença constante
Mesmo que minta o espelho
Os dias sejam iguais
Serei louca varrida
Simulando jamais
Que a vida é de fugida.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Aparência


Não te centres na solidão que aparento
E depois uma qualquer guarida
Repouso que não faz sentido
Esfumar de uma força viva

Aparência antro do sentido
Remoinho que comanda a eito
Lavrando alma que esconde a cor
Dos dias bonitos. Desabrochar em flor

Não te centres no que desconheces
A noite antecede o dia
Repara quando amanheces
Do escuro só resta maresia.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

E agora



E agora que a noite se aquieta
Quem dera se aquiete o sentir
Adormeça e deixe de ouvir
O ruido do escuro lá fora

A noite nem sempre amaina
Os versos que caem aos pés
Soltos ou em revés
A noite nem sempre é mãe
Agonia que o poeta sente
Lembrando os olhos que cortam
As pedras pisadas a eito
Os medos do gentio que sofre
Nas ruas que se entrelaçam

E agora que a noite se aquieta
Redescubro o vazio em que estou
Em versos que luta esta
Tão pouco do dia restou

Acordo




Cuido que não sei doida verdade
O tempo, inimigo incontrolável
Corre, corre, corsa indomável

Sorte, ou morte momentânea
Melancolia, o amor que está longe.
Rude, a precisão que então escasseia

Caminho entre mim e o singelo
Momento quantitativo ou paralelo
Acordo e redescubro, lerda saudade.

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo