domingo, 26 de junho de 2016

Deixa acontecer...

Esta saudade branca e doce na esquina da tarde,
traz na memória um rosto em estória.
Que a história da vida resolveu inventar!

Por onde andam os passos ou os sorrisos;
sem nada em troca. Onde andas tu…
Onde ando eu: Inquiro sem resposta!

Por isso, não me ofereças flores só por oferecer.
Impele o instante, deixa acontecer. 


sábado, 25 de junho de 2016

Afirmação

Afirmo que o tempo passou,
mas continuo parada na esquina da vida.
Responde: O que ficou do instante.

Meia dúzia de ais de cara lavada!
Um tanto envergonhados com os dias.
Sem nada a acrescentar à saudade de rir.
Sem nada a dizer ao despeito.

Afirmo que o tempo passou…
Imploro à razão que abra a porta,
já que pouco restou.


sexta-feira, 24 de junho de 2016

No teu olhar

Nos olhos uma paz icónica.
Na boca a tentação e no rosto a certeza:
Que o mundo não gira ao contrário.

Numa tarde de verão em que tudo acontece…
As andorinhas sobrevoam o céu.
Soam os passos nas pedras da rua.
Enquanto o sol se esconde no horizonte.

O dia adormece e os sentidos acordam!
Penso comigo:
Mas que roda-viva é a vida,
no teu olhar!


quarta-feira, 22 de junho de 2016

Brechas

Sabes: Quando tudo te cai em cima,
corrente tresloucada, sem limite…
Até parece que escorregas da colina;
que é a vida. Sem te permitir palpite.

Ficas tolhido, sem sol ou lamparina.
Num palco desenhado a grafite.
Em que tudo dança igual a bailarina.
 Onde entraste sem par ou convite.

Sabes: Aquela voz que almejas, não está.
Só o silêncio ressoa nas paredes brancas.
Até o vento anda por aí ao Deus dará…

Escusa-se a entrar como se escusam as asas.
Mas o tempo não pára e logo ditará:
Novas regras através de ínfimas brechas.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Não sei...

Se em todos os olhares se perdem as sombras,
 a penumbra augura filamentos desconhecidos,
de um verde esverdeado pela sombra da tarde.
Enquanto ao sul as cigarras adormecem!

Que tempo é este onde os dias se escondem?
Se as noites adivinham sonhos por cumprir!
Pergunto: que tempo é este?
 Se até os passos são metas sem som!
Se as sombras deambulam pelo riachos do tempo,
enquanto a alma permanece imóvel e o vento…
Esbarra nos muros em lamento.

Não sei. Se é de mim, ou do tempo.
Se é o vento ou a alma, ou se os passos
se aprisionaram à sombra e a tarde
há muito virou costas.
Não sei.  

O corpo dormente não sente

No cume do mundo uma semente térrea,
uma cascata divina, um roseiral em flor.
Beijada p`la brisa com extrema ousadia
se encobrem as penas, se esfuma a dor!

Sempre que a fantasia se atreve e baila;
uma criança sorri. Então, onde está a cor
no seu olhar aguado? Choro em agonia,
farrapo torturado onde falta amor.

Dia um, ou dia primeiro na compaixão,
de um dia, onde se pinta diferente
 todos os (junhos) que pernoitam sem pão.

Não… para quê chorar? O corpo dormente
não sente. Não… descura coração…
Aquela criança, pobre indigente.


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo