domingo, 24 de novembro de 2013

Só tu




 Só tu, reflectindo agora
Nos dias que passaram
O sentir aflora
Em anseios que vingaram
Num momento de recolha
O ser se aconchega
Se assemelha a verde folha
Na brisa que então chega

Julgarei que os sentidos
Certas horas emigraram
Algumas dores e gemidos
É certo transportaram
No momento da verdade
Tudo tem um rumo certo
Até a ansiedade
Se assemelha a um coreto

Onde a orquestra toca
Uma valsa de Chopin
Em voz rouca mas autentica
Uma melodia sã
Só tu, num amor verdadeiro
Que o tempo então mimou
Na lareira um braseiro
Meu amor então ficou.
                                      


sábado, 23 de novembro de 2013

Deus dará




A noção corre, e apressada se esvai
Desfalece no corrupio dos dias
Sem que a vontade tenha poderio
Quando a noite chega, restam mãos vazias

No beiral garças brancas espreitam
Os gatos se intricam no escuro
As árvores padecem, não adormecem
Eu, viro costas e perduro

Na memória de ti, busco conforto
No tempo que é nosso em que a sombra cai
No inverno que traz nas primeiras chuvas
Saudade de tudo o que não vivemos, lavai

O pensamento, se assim se atreve o instante
Mágoa que não é minha e carrego nas costas
Porque me atrevo a vasculhar o presente
Louca, será que julgo que as mossas

Soltam amarras e empurram p`rá frente
Os medos que renego, o telejornal lá está
E esta sombra a meu lado, será fado
Ou somente uma nesga de céu ao deus dará.
                                                                   


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Todos os poemas

De todos os poemas que renego
Alguns deixam muitas dores
Outros mais felizes os entrego
Ao tempo que os adorna com flores

Para que escrevo afinal se no momento intrincado
Tudo parece irreal, até a chuva deslavada na calçada
Deixa uma lamuria inaudível, folhas soltas em mortalha
Celebram uma escrita que não quero

Para que escreves, ego corrompido
Se nada faz sentido num país a mendigar
Às vezes se assemelham a rugido
As silabas que teimas em juntar.



Silencio



Se eu induzisse o silencio
Que pesa nas pedras da rua
Incutisse o movimento
Que solta folhas no chão
Quem sabe voasse nua
Nas ruas em turbilhão
Pulasse a ribanceira
Que é a mente, aflição

Se o silêncio induzisse
De que serviria afinal
Se a constatação do vazio
Se abate na noite infernal.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Porquê



Da sombra na terra extraí solidão
Para logo de seguida repelir aflição
Afastei medos até os mais mesquinhos
Assim sorrio por entre espinhos.

Não me digas que estou errada
A vida é uma longa estrada
Se hoje faz sol, amanhã choverá
O que agora temos, amanhã não há.

Para quê complicar o que não faz sentido
Se até o tempo provoca alarido
Hoje está calor, ainda ontem choveu
De que vale a ladainha. Porquê deus meu…


domingo, 10 de novembro de 2013

Paredes caiadas



A certeza que chega
Das paredes caiadas
De um branco tão branco
Fuga em alarido
Do pensamento vadio.
Transporta águas brotadas
Das fontes ao sul.

Mais que crença pertinente
Por dias a fio
Suporte que a vastidão aquece
Vasculhando recantos
De fio a pavio.

Paredes deste Alentejo
Tao cheias de história
Ainda agora ouvi um realejo
Não foi traição da memória.

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo