quarta-feira, 28 de setembro de 2016

No Presente…

A necessidade de identificar o mundo,
faz de mim um ser surreal e faminto!
Transforma o meu estar em rio profundo.
Sem delicadeza incentiva o instinto.

 Sinto que sou uma ilha deserta, o ser iludo!
Sem jeito transponho a ilusão, não resisto;
a olhar com outros olhos aquele buraco fundo.
Por onde se esvai a claridade e insisto…

Estranha forma de ser, no mundo solitário.
Empurro pedras na ladeira tão-somente:
Pelo prazer de ser autêntico, fadário!

É a mola dos poetas, sim é impertinente.
O olhar que se debruça sem sentir; receio…
Mesmo que a história seja vã… No presente…



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Caso encerrado...

Com o rosto por entre as mãos olho a noite…
Adivinho as folhas que caem em cascata.
Imóvel o meu corpo pensa ser suporte;
ao pensamento, corre em cantata…

Na correria até o impossível promete!
Imediatamente me eleva na cantata.
Entro no ritmo, será que sou benevolente?
Ou naturalmente deixo-lhe a descoberta.

Entendimento tantas vezes aglutinado.
Pelo ser, ou pelo ter… Quando muito fado!
Uma estrada e as curvas; ou o céu por telhado.

Não… Mesmo que o tempo esteja nublado.
E o corpo já não tenha passo engajado.
É o pensamento o apoio. Caso encerrado!


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sem beiral...

Olho a vida que debanda num sopro,
impávida e serena… Vale sempre a pena…
Qualquer ousadia mesmo que seja fria.
Mesmo que seja amena de hálito morno.

Vale sempre a pena um sorriso maroto.
Aos dias crus e sem graça. Correria louca!
Faz de mim; ciranda de pedra gelada.
Perdida em mil duvidas … que mundo louco!

Por onde andam as estrelas e o sol…
As águas mansas de um lago sem sal…
Ou o frio do Outono, por onde andam afinal…

Os passos que deixei para trás, sem farol.
Ou sem a segurança de um mero lençol;
que cubra os dias suspensos… Sem beiral.




segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Só te peço um favor...

Se me observares com alguma ternura.
Acredita: sou impulso de coração solitário.
Perdido por vezes; outras nem tanto, fissura
são sempre as sombras. Preenchem o imaginário…

De pirilampos de todas as cores, formosura!
Este sonho; cativo ao descair do dia. Rosário:
De contas luzentes. Nem a noite escura
impede a ambição do crer involuntário.

Só te peço um favor… não tenhas pressas.
Deixa que o rio corra, as águas purificam
o meu rosto cansado. Se chorar não rias.

As lágrimas são cascatas nas noites frias.
Ainda que os olhos quase sempre esqueçam:
Que o coração se acomoda em nostalgias.





Grito...

Preciso que a calma repouse aos meus pés.
Careço de tempo para arrumar as ideias.
Sinto que a vida se assemelha ao convés:
De um galeão, em mar de parca epopeia!

Mesmo que o silêncio seja mero rodapé,
dos dias que passam sempre à boleia,
das saudades incógnitas em foscas marés.
Preciso que ele um dia escreva na areia…

Todos os sonhos que decoro, um a um.
Alinhados simetricamente com os dias.
Em que as lágrimas incentivam ao jejum.

Sempre em roda-viva, estranha nostalgia!
Esta inútil necessidade: habitual zunzum…
Grita, grita coração: és apenas mais um!





domingo, 18 de setembro de 2016

Leviandade…

Obrigada, por me fazeres sentir, pequena.
Perdida e envolta num mar de areia.
Quando quero mudar o mundo sem ideia:
Que não passo de palhaço sem arena.

 Tanto sofrimento sem direito a vitória.
Ali a guerra, mais além a fome em cadeia!
O orgulho anda quase sempre à boleia…
De quem se afasta da sua trajectória.

Por tudo isso, obrigada. Vida por vida.
Sonho por sonho, estrela por estrela…
Nas palmas das mãos se transporta vontade.
                                                                                                                                           
Que penetre fundo na alma e traga, verdade.
 Ou me ajude a olhar a direito sem a leviandade.
Que a mente me incute se estou dividida.


Miragem…

Por quê o silencio se voam as borboletas?
Se é para entrar abre a porta ao sopro…
Deixa que os passos sejam ágeis cometas.
Desbrava o céu de lés- a -lés sem voo remoto.

 É o sentir a mola que impulsiona nostalgias!
Miragem que a noite antecede, brilho próprio.
Nas asas da aurora voam sempre as ousadias!
Radiantes como o brilho da tarde ao sol-posto.

Emudeço e torno a emudecer, sina minha!
Por entre o que acho ser sincero, antevejo:
O sussurrar do coração que ainda adivinha…

Altos muros, jangadas paradas à noitinha,
quando a solidão inunda a alma em solfejo.
E o pensamento a tua sombra; acarinha.


Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo