(Mote)
Mas que
coisa tão esquisita!
Fala…fala…
só por falar!
Acaso julga
que a dita…
Cria asas, e
vai voar.
O homem está
perdido!
Será que ele
quer ser actor?
Já que entra
vestido a rigor…
Sempre muito
empedernido.
Solta um rouco bramido…
Bem no meio
do palanque.
Tece ideias
sem arranque.
Juro: eu não
tenho paciência.
Para tanta maledicência.
Mas que coisa
tão, esquisita!
Opina a
torto e a eito…
Até de cor e salteado.
Só bate. O pobre
coitado!
Será que é delírio…
ou é jeito?
Se calhar…. Pode
ser defeito.
Malha em
tudo por prazer.
Só que no
meu entender:
Até…. Podia
ter razão.
Não fosse, volúvel,
a questão:
É falar… só
por falar…
A deixa
cheira a fastio!
Tudo está no
mesmo saco.
Mas o
discurso é tão fraco.
Que eu acho
que está com frio!
Não encontro
serventia,
para tão enrolada,
azia.
Que querem,
eu sou assim.
Da maldade
faço um festim.
Da barrela
faço, festa.
E da festa
faço, besta.
Acaso julga
que a dita…
É sorte
deitada a monte…
Criatura tenha
tento.
Separe a
chuva do vento.
Sei que nem tudo
é brilhante.
Mas há por
aí muita gente…
Que até de
olhos fechados.
Soltam do
peito em brados.
Uma pobre
rima perneta.
Toma a forma
de um cometa…
Cria asas, e
vai voar…
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