sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Vendaval dos dias...

Dependurados num beiral, os sonhos
aguardam que as aguas de outono
lavem as paredes, que albergam a esperança.
De quando em quando, atrevem-se
nos espinhos de uma roseira!

Nas fissuras das paredes os ecos de um dia:
em que o corpo adormece,
Tu e eu, eu e tu, a folhagem verde,
por onde os espinhos aguardam…
Todas as ambições por criar.

Criar! Fome de criar o vendaval dos dias…
Eu e tu, a prova circunscrita ao instante,
a foice que ceifa o que resta do tempo,
a inercia, a nudez.

Eu e tu, pingos de sangue à mercê dos espinhos;
só a roseira aguarda, e como sempre vai florir!
Mais que não seja numa valeta da estrada,
por onde nos perdemos ocultando:
que o sonho pode sempre florir.


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