Mote
Alentejo
campo aberto.
O pão nosso
de cada dia.
Apesar do
tempo incerto.
Tens no
sangue a valentia!
O dia vai de vencida,
de Janeiro a
Dezembro.
Pelo meio
vem Setembro,
em rodopio
com a vida.
Junho é o auge da lida,
e traz
Agosto o lamento…
Das cantigas
sem tempo,
talhadas
p’lo sol ardente,
onde o suão
está presente.
Alentejo,
campo aberto!
Da minha
meninice,
de algumas
dores e sorrisos,
que em
momentos precisos,
foram dos
homens crendice.
Embora no
tempo ruísse:
O lamento da
ceara.
O barro
mantém a cara,
vincado no
campo ao sol pôr.
Onde o ocaso
é a cor,
o pão nosso
de cada dia!
Talhado
p’los calos da mão
e por
lágrimas fugidias.
Por
cantigas, alegrias,
espalhadas
de mão em mão,
ombro a
ombro, um irmão.
Até a voz é
lamento,
numa cantiga
o intento,
de preservar
a memória,
a derrota a
vitória.
Apesar do
tempo incerto.
Até na
esperança de um capote.
De finas
contas forjado.
A Cor da lembrança
é o fado,
de um mouro além monte.
Um rebanho no horizonte,
Um rebanho no horizonte,
é imagem
que alumia.
Safões e
samarra que um dia
no espaço
fizeram história.
Alentejo,
trajectória…
Tens no
sangue a valentia!
Décima escrita para o IV encontro de poetas populares de Vila Viçosa, 2016. Para o qual escrevi o mote directivo a todos os participantes.
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