domingo, 31 de julho de 2016

Jamais perco tempo com tolos...

Eu, poeta me intitulo.
De um país de chão cavado.
Em Camões bebi o brado.
Em Pessoa o pensamento.
Em Bocage a ironia.
Em Florbela a ousadia!
Do povo me amamentei.
E na décima faço lei!
Já no soneto divago…
Bebo as estrofes num trago,
num poema de expressão livre!
Afirmo que sempre tive:
_Uma vaidade singela.
Seja qual for a tabela,
os meus versos são janela,
na qual me abeiro sem medo.
Este é o meu segredo.
Poeta de reles sina.
Sou assim desde menina!
Nascida no Alentejo.
Talvez: por isso almejo…
Levar de mão em mão,
a visão ao coração.
Na elite ou rudeza,
está na minha natureza,
qualquer estilo, qualquer rima!
De todos fiz minha sina.
E da sina ninguém foge.
Nasça rico ou indigente.
Quem tem a correr nas veias:
_Searas verdes, marés cheias,
ou dores de alma vazia,
até mesmo uma razia;
num país que esquece o sonho.
Por vezes é tão tristonho,
ser poeta e ir além…
Onde não se atreve ninguém…
Por isso mesmo; componho:
_Versos de qualquer maneira!
Vibro ao arriar na cegueira;
que o estigma se atreve a erguer.

Jamais perco tempo com tolos, escrevo p`ra meu prazer.


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