domingo, 3 de julho de 2016

Consente...

Deixa que a tarde deslize no silêncio da alma…
Que os telhados murmurem ao ouvido do céu:
_Um olhar muito nosso.

Escuta:
_E se embrulhássemos as palavras em sonhos…
Espalhados p`lo restolho beijado p`lo sol.
Consente, que interrogue o teu sentir…
E que o provir seja o inicio da vida,
num terreiro onde as palavras se despem:
_De artefactos.

Olha o horizonte… onde o céu beija o mar.
E a terra; as estrelas numa noite de luar.
Deixa que descubra pirilampos nos teus olhos…
E nos campos fartos molhos;
em eiras sem tempo.

Atravessa ao meu lado; este chão…
Alentejo… Campo aberto no coração.
Recordação de mãos dadas,
ao sabor da madrugada.
Só o luar de Agosto se atreve a revelar:
_Este sentir que é nosso!

Consente que a tarde deslize… mansamente.
E que o mundo um dia grite:
-Foram terra… barro… trigo e alma!
Desenharam lentamente na areia,
espalhada aos sete ventos…
Todos os sonhos sem voz.


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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo