quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

E agora...

E agora
Pergunto tanta vez
Aquele negrume
Que me vai trazer
Fios de neve a desprender
Derretem-se mesmo sem lume
Partículas de insensatez
Que vem sem saber a hora

Perguntas sem ter resposta
Uma nuvem que assombra
A alma que entristece
Os dias que vão finando
Uma vontade sem tempo ou quando
Morre de velha, esquece
Como pode ser fresca a sombra
Ali, na ombreira da porta

E agora
Que é feito de mim
Por onde deixei ficar
Pedaços de maresia
Perdi-os num qualquer dia
Nas ondas rasas do mar
Lá onde não há fim
Em mais um verso que aflora

Aos teus olhos
Que pensarão
Ao ler palavras, nadas
Quem sabe, é vento suão
Que te dará forte abanão
Por entre as horas amargas
Aos teus olhos quero ser condão
Sem vara, desfolhando sonhos

E agora que vai ser de mim
Desfazendo nuvens de fumo
Será que chegarei por fim
Até ti como fio de prumo.

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo