terça-feira, 2 de setembro de 2014

Cal...

A pedra se desfaz em pó
Alva brancura espelhada
Na lembrança de todos nós
Está uma parede caiada

Por entre o negro da veste
De uma velhinha trigueira
Escorre a cal que lava
A casa de qualquer peste

E nesse branco tão branco
Os meus olhos se deleitam
Por vezes até o pranto
Ao branco se entrelaça.
Saudade de uma cana-da-índia
Onde o pincel pendia,
De cá para lá em azáfama
A parede branca sorria.

E vejam bem a tal cal
Que acompanhou a velhinha
Na vida em cascata…
No dia de descer à terra
No seu ventre foi jogada.
E eu sei, sei porque senti,
As mãos da velhinha
Presas à cal em frenesim.
E eu chorei, chorei com pena de mim
Que hoje ignoro a cal
E o seu branco em festim.



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