sábado, 25 de julho de 2015

Mas sou eu que tenho medo...

Às vezes visto-me no medo de perder os teus passos.
Desse medo pardacento teço a minha mortalha,
ignoro o sol na soleira da porta, só a chuva
lava as pedras da rua. Os riachos podem ser sonhos
de uma tarde de verão. Mas o medo escurece a alma!

Às vezes visto-me de medo num estranho crer!
Finjo que não vejo que há além ao amanhecer.
E que não sei que te divertes. Enquanto renego
que não sei que te vestes num irrisório prazer.
Brincas com os fantasmas que te rodeiam,
na dança das circunstâncias!
Redopia o teu corpo mas o coração definha:
tudo porque despes o crer da roupa do querer.
Mas sou eu que tenho medo!




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