Vou colocar a questão.
Em jeito de
desafio.
De ti espero
atenção.
Na água que
corre no rio.
Puseste pé
na Buraca,
lá, nos anos
oitenta?
Sem sapatos,
sem alpaca.
Puseste pé
na Buraca?
Onde a
braços com a vida,
Se viram para
ali jogados,
muitas almas,
maltratados,
ao fugirem
em degredo.
Do meu modo
sem ter medo:
Vou colocar
a questão.
E na Cova da
Moura,
puseste pé
algum dia?
Ou pensas
que foi magia,
a vida de
quem lá mora.
Fugindo estrada
fora,
da morte
fria em África.
Vivendo pedindo
esmola,
onde prender
a razão…
Vou colocar
a questão:
Em jeito de
desafio.
Ao te entrar
p`la casa dentro.
Enquanto jantas,
sereno.
Se achas que
é só ódio o veneno.
Da morte, vassalo do gueto.
É porque não
sabes olhar!
Nas notícias a gritar,
está a forma
de tratar,
gente, igual
a gente.
Vou perguntar
novamente:
De ti espero
atenção.
Já paraste
para pensar,
na segunda
geração?
Ou na
terceira porque não…
Filhos de
muito penar.
Sobre indiferente
olhar.
De quem lhes
abriu a porta.
Os enterrou
qual morta…
Em guetos só
de betão!
Não delires… Tem atenção,
à água que
corre no rio.Do meu jeito de poeta), parte do olhar sobre os problemas do mundo.
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