domingo, 28 de agosto de 2016

Netos dos guetos, isco sem sorte.


Vou colocar a questão.
Em jeito de desafio.
De ti espero atenção.
Na água que corre no rio.

Puseste pé na Buraca,
lá, nos anos oitenta?
Sem sapatos, sem alpaca.
Puseste pé na Buraca?
Onde a braços com a vida,
Se viram para ali jogados,
muitas almas, maltratados,
ao fugirem em degredo.
Do meu modo sem ter medo:
Vou colocar a questão.

E na Cova da Moura,
puseste pé algum dia?
Ou pensas que foi magia,
a vida de quem lá mora.
Fugindo estrada fora,
da morte fria em África.
Vivendo pedindo esmola,
onde prender a razão…
Vou colocar a questão:
Em jeito de desafio.

Ao te entrar p`la casa dentro.
Enquanto jantas, sereno.
Se achas que é só ódio o veneno.
Da morte, vassalo do gueto.
É porque não sabes olhar!
 Nas notícias a gritar,
está a forma de tratar,
gente, igual a gente.
Vou perguntar novamente:
De ti espero atenção.

Já paraste para pensar,
na segunda geração?
Ou na terceira porque não…
Filhos de muito penar.
Sobre indiferente olhar.
De quem lhes abriu a porta.
Os enterrou qual morta…
Em guetos só de betão!
Não delires… Tem atenção,
à água que corre no rio.


Do meu jeito de poeta), parte do olhar sobre os problemas do mundo.




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