terça-feira, 24 de maio de 2011

Ilusão

Amei-te por entre uma nesga branqueada
pela planura da geada que me inundou a alma
assim em plena madrugada me vi atracada
ao sonho enregelado que se atreveu
a deixar-se levar por baço céu

Aos meus olhos o amor é futuro
aos teus é ocasião
aos meus será sempre vindouro
para ti é uma cesta de ilusão

Atrevi-me a abraçar a contenda
saí dela em pedaços, enregelados
pela frieza esfarelada sem emenda
que afasta os nossos lábios fechados

Amei-te por entre tropeções
tu amaste-me por entre levitações
em espasmo dilacerado, comovente
filme encenado para cativar
não lamento beijos ao deitar
nem abraços pela manhã
imaginei sempre bagos de romã
que um dia rolariam pelo chão
a fome não passa de ocasião
tu e eu, e eu e tu
bonecos inanimados
em cenários trocados

por um amontoado de emoções
sem certezas ou razões…

Sem comentários:

Enviar um comentário

Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo