terça-feira, 5 de julho de 2011

Conversas com o destino (IV)

Sim, ignora o que não compreendes
O esforço é enorme, não te consomes
Em gestos banais que podem mudar
O rumo taciturno, mas para quê apostar
A vida é tão cómoda, assim sem transbordar

Se até as andorinhas voltam sempre ao mesmo lugar
Ignora o que não entendes, fecha o coração ao novo
Conservadores sejam todos os teus desejos
A bitola mesmo gasta serve os intentos
De permanecer quieto, não deixar entrar o ar  
No compartimento bafiento em que acabará por sufocar
Aquilo a que chamas vida.

Mas, porque me preocupo contigo
Vivemos em galáxias distintas
Não nos alcançamos nem em meras visitas
Eu gosto de ar puro, tu odeias as formigas
 Gosto do cheiro da chuva, tu constipas-te facilmente
O nosso dia-a-dia é tão diferente

Sabes que mais, fica aí, fala com as paredes
Talvez elas te digam aquilo que não percebes
Que a vida é tão curta, só se vive uma vez
E a conta do banco essa esfuma-se, talvez
Nesse dia a terra te abrace
E a conta do banco se enlace a um outro
Nesse dia meu amigo estarás morto

E o tempo morto de riso, afinal foste um tolo
Que nunca perdeu o siso.

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Palavras ao Vento Suão, Antónia Ruivo